quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Tema - A depressão





Escolher um tema como a depressão para desenvolver um trabalho de pesquisa, dentre tantos outros assuntos disponíveis, foi uma decisão tomada sem hesitar. Os estados da psiquê é um assunto que não se esgota, não importa o quanto o estudemos; a psiquê e a alma humana são terrenos ricos para reflexão, para conjecturas e, talvez o objetivo maior, para entender melhor o ser humano.

Existem muitas maneiras de nos inteirarmos acerca da depressão. Dias atrás, em um consultório dentário, li em uma revista de nome Ana Maria, um artigo sobre depressão. Não conhecia a publicação, ou seja, não sei exatamente o tom de suas matérias, mas nesta em especial havia como que uma "receita de bolo" para sair da depressão. Segundo o autor da matéria de duas páginas, uma postura cuidadosa com o visual, exercícios físicos e um tratamento clínico resolveriam.

Qualquer leitor dotado de um mínimo de bom senso perceberia, pelo menos, dois equívocos nestes três passos para a cura, justamente o mais difícil em qualquer empreitada - o primeiro passo - e aquele que a ele se segue. Esqueceram de avisá-lo de que o indivíduo com depressão pode se preocupar com muitas coisas, exceto com sua maneira de vestir-se. Quanto á prática de exercícios físicos, só poderia ser uma piada, não fosse a sua opinião digna de quem se leva a sério. Óbvio que exercícios físicos são bons, são positivos e altamente recomendáveis, mas que tal inverter a ordem e aconselhar uma consulta com um profissional?

Um dos livros que li sobre depressão e a doença maniaco-depressiva - também chamada de transtorno bi-polar - justamente foge das regras fáceis, dos conselhos que pretendem soar sérios. Escrito por uma psiquiatra norte-americana, a qual sofreu por anos de transtorno bi-polar e depressão (inclusive quando já era médica), o seu relato é comovente e sem máscaras; disseca a depressão, as manias e os horrores tanto de quem sofre a doença quanto a dor e/ou indiferença dos familiares, colegas e amigos. "Uma Mente Inquieta", da doutora Kay R. Jamison, vale um final de semana inteiro de boa leitura ao sol. Um relato honesto, por vezes poético, noutras oportunidades quase cruel, justamente por ser extremamente sem rodeios.

E numa linha que lembra a matéria citada da revista Ana Maria, li também "12 Semanas Para Mudar Uma Vida", do psiquiatra Augusto Cury. São caminhos que o médico aponta para "promover a saúde psíquica" ao longo de doze semanas. Honestamente, não sei se uma pessoa deprimida teria forças para agüentar doze semanas de faça isso ou aquilo. Por isso, melhor ler o livro antes de conhecer o que seja a depressão. Comparando os dois, fico com o primeiro. Contudo, são livros com objetivos bem distintos, não tenho a menor dúvida.

Para finalizar, duas passagens que me marcaram a seu modo:

"... primeiramente enxergar a grandeza da vida e nunca se diminuir, se inferiorizar ou ter pena de si mesmo." Cury

"...a depressão é neutra, oca e insuportável. [...] você está [...] irritável, paranóico, sem senso de humor, sem energia, cheio de críticas e exigências, e nenhum tipo de esforço jamais é suficiente para reanimá-lo. Você 'não está nem um pouco parecido consigo mesmo, mas logo vai estar', só que você sabe que não vai." Jamison

Um comentário:

Felps disse...

Paulo, achei seu post muito bem escrito, com críticas bem pertinentes. Vou aceitar sua indicação e procurar o livro da Jamison. Agradeço por compartilhar idéias. Abraço. Felipe F.A.