segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Aprendizagem na vida adulta


Na aula de número 6 de Psicologia, somos convidados a refletir um pouco sobre a questão da aprendizagem na vida adulta. Para tanto, após a leitura do texto indicado, percebendo neste vários questionamentos, achei por bem pensar a respeito das questões ali colocadas. Tais questões, seguidas de minhas reflexões pessoais, seguem abaixo:


1. Compare as duas definições para adulto: a do dicionário e a da lei.Existe uma concordância perfeita entre as duas definições? No que elas diferem?

Percebe-se que ambas são bastante distintas, não havendo uma convergência entre elas. Quando a definição do dicionário cita a “idade vigorosa”, não faz menção alguma à idade estabelecida pela lei brasileira. Posto que em diferentes culturas adentra-se na vida adulta em períodos também diferentes, a definição expressa em lei obviamente baliza questões de ordem e ajustamento social, de forma que o adulto seja aquela que já pode responder por suas ações. A definição legal ignora a existência de uma prontidão intelectual, psicológica e emocional do sujeito. A definição do dicionário, mais abrangente, considera questões como a maturidade e o desenvolvimento (ainda que não cite em quais aspectos) do indivíduo.

2. Se a teoria diz que, em média, as pessoas atingem o operatório formal aos doze anos, isso significa que todas as pessoas, ao atingirem doze anos atingem o estádio das operações formais?

A teoria é clara a respeito, estabelecendo apenas uma média ao citar a idade de doze anos. Ocorre que temos crianças que chegam aos doze anos estruturando-se no estágio operatório-concreto, necessitando de um período bastante particular para construir uma identidade própria do estágio operatório-formal.


3. Isso significa que todos os adultos, por atingirem 18 anos de idade, automaticamente, atingiram o período operatório formal do desenvolvimento cognitivo?

Ao completar 18 anos, o indivíduo legalmente adulto deve estar no período operatório formal do desenvolvimento cognitivo. Duas características do estágio operatório-formal, que são a possibilidade de se refletir para além do real presente e de pensar sobre o próprio pensamento, entre outras, indicam que o jovem adulto encontra-se no período operatório formal, muito mais do que sua idade. São tantas as nuances de um ser humano para outro que a entrada na vida adulta aos 18 anos não significa que se está maduro, ou ainda, que se entrou “automaticamente” no último dos estágios descritos por Piaget. O próprio texto já diagnostica perfeitamente que podemos afirmar que a entrada no operatório formal poderá ser percebida no sujeito a partir de “sua relação com o objeto do conhecimento, [...] sua maneira de pensar, refletida no modo como lida com os problemas da realidade, seja ela interna ou externa.”

4. Será que basta ao professor passar o conteúdo ou será que as relações interpessoais que se constituem em sala de aula são relevantes para a educação?

Podemos imaginar inúmeras configurações físicas e interpessoais em uma sala de aula. Um professor poderá dispor a sala em U, em círculos, em colunas, entre outras formas, mas na ausência de diálogo com os alunos, dependerá totalmente desses que a disposição física faça qualquer diferença. Contudo, comumente são os professores que estabelecem diálogos com seus alunos que justamente propõem novas configurações físicas em suas salas de aula, pois acreditam que a proximidade dos alunos entre si e do professor para com eles é extremamente positiva no processo de ensino-aprendizagem.

5. Será que é sempre fácil para o aluno colocar-se no ponto de vista do professor e acompanhar o seu raciocínio? Será que é sempre fácil para o professor dar-se conta de que o raciocínio do aluno é diferente do seu?

Não é sempre fácil, definitivamente. A bem da verdade, em qualquer tipo de relacionamento – familiar, conjugal, profissional, entre outros – observar uma situação a partir do ponto de vista alheio segue sendo um exercício de humildade e bom senso. Aceitar que a opinião do outro possa estar não apenas correta, mas ser a mais factível, é uma demonstração de maturidade e humildade de quem se permite não ter razão o tempo todo. Contudo, afirmar que seria mais fácil ao professor fazer este movimento necessita de uma justificativa, ou estaríamos subestimando esta mesma capacidade por parte de nossos alunos. Ocorre que o professor tem uma formação acadêmica que, espera-se, contribua para um discernimento entre o seu papel, de mediador, e o do aluno, que deve ser estimulado a tornar-se um pesquisador em prol de sua aprendizagem. Como mediador e motivador, o professor constantemente precisará fazer um movimento que permita perceber que a forma do aluno pensar não é necessariamente um reflexo da sua, não por capacidade, mas pela singularidade dos seres humanos e pelas diferentes posições que ocupam em um mesmo espaço, no caso, a sala de aula.

6. Será que nas relações professor-aluno na educação de jovens e adultos está também presente o processo de transferência ou ele apenas ocorre na relação com crianças?

Buscando em Freud o que significam as transferências, encontrei que essas são“reedições dos impulsos e fantasias despertadas (...) que trazem como característica a substituição de uma pessoa anterior pela pessoa do médico” (ou professor) . Freud igualmente afirma que “é difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve maior importância foi a nossa preocupação com as ciências que nos eram ensinadas, ou pela personalidade de nossos mestres.” O aluno da EJA não raro permite-se vivenciar tal processo, como em situações que o faz tomar certas atitudes em seu trabalho ou na vida afetiva porque parte da premissa que seu professor agiria da mesma forma. Isto é, o aluno que se identifica com o professor X tende a fazer as escolhas que, imagina, seu professor faria ou aprovaria. Os próprios sentimentos de rejeição ou empatia do aluno para com um determinado professor, sem aparente razão, podem estar ligados a processos de transferência inconscientes.

2 comentários:

Geny disse...

Caro aluno Paulo seu portfólio continua sendo um referencial para consultas acadêmicas, tudo adequadamente registrado, no atual semestre, até a data de hoje com um total 17 postagens sendo 9 (nove) no mês de agosto e 8 (oito) no mês de setembro, e me refiro não a quantidade, mas sim a qualidade das reflexões e citações disponibilizadas. Fico agradecida por tão grande colaboração. Já registrei na planilha de acompanhamento. Almejamos sucesso empreendedor na sua vida pessoal, profissional e acadêmica.

Um grande abraço.
Professora: Geny Schwartz da Silva
Tutora – Seminário Integrador
PEAD/FACED/UFRGS

εïзAndréaεïз disse...

Olá

Posta no meu blog sobre cultura na educação. Estou muito interessada em EJA e gostaria de trocar idéias.

abraços

Andréa