sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Reflexões sobre um sombrio cotidiano escolar




Certamente pessoa alguma ligada à área da Pedagogia discordaria da afirmação que ontem ouvi, em uma formação de professores, que somente através da educação podemos reverter um cotidiano violento. Entretanto, não sou muito afeito a soluções simplistas e não me convencem fórmulas, ainda que revestidas de afirmações do tipo “funcionou em tal país”.

A noite de ontem reservou-me surpresas bastante agradáveis, pois além da formação, sempre bem-vinda, pude assistir na TVCOM um programa de debates sobre a violência nas escolas. Ao longo do programa, o qual reuniu ícones de conhecimento iluminado, promoveu-se a seguinte enquete: alunos com problemas recorrentes e extremos de indisciplinas devem ser expulsos da escola?

A pergunta, a meu ver, está mal formulada. Assim como os 88% dos votantes, concordo que um aluno que represente ameaça para seus colegas e professores não possa permanecer na escola. Contudo, aqui se percebe os erros em que incorremos ao nos apressarmos com julgamentos. E foram muitos os equívocos do programa, até mesmo por parte dos tais “ícones de conhecimento iluminado”, os quais poderiam permanecer sem proferir, já com os créditos do programa a ponto de serem inseridos, que só “poderiam ser 88% de professores” os votantes. Tem estas pessoas direito de usar do privilégio de estar em frente às câmeras e, num tom de absoluto e evidente desprezo ao resultado, ignorar o que há por detrás de gritante índice, encerrando a questão com um simples “só podem ser professores”, como se a opinião destes (nossa opinião) tivesse menor valor?

Mas o convidado principal do programa – professor inglês, com experiência no trabalho com jovens infratores, trabalhando em Porto Alegre e São Paulo, além de cidades da Escócia, Inglaterra e EUA – trouxe um pouco de bom senso à questão, lembrando-nos que esta precisa ser uma opção existente, ainda que a última. Este compreende o cotidiano escolar como um todo, com certeza, e não apenas o quinhão que lhe convém para tornar seu discurso mais palatável e, diria até, literalmente publicável.

De qualquer modo, eu falava do erro na formulação da pergunta da TVCOM – alunos com problemas recorrentes e extremos de indisciplinas devem ser expulsos da escola?

Faltou considerar que os 88% votantes, eu inclusive, referem-se à necessidade de garantir aos demais alunos matriculados um ambiente seguro na escola e que este não passe a ser um campo de disputa de espaço por parte de gangues. Assim, entendo que, esgotadas todas as intervenções junto ao aluno, família, conselho tutelar e promotoria pública, deve ser garantida a possibilidade SIM não da expulsão, como se ao aluno apenas fosse negado o direito de receber educação formal, mas de encaminhamento para outra instituição de ensino.

Percebo que se discute pouco, ao mesmo tempo em que se fala demais. O tempo para reflexão quanto aos possíveis encaminhamentos para casos de violência na escola é tornado exíguo, pois se tem mais pressa que desejo de resolver questões conflituosas.

Errou a pergunta, errou também o dado da palestrante da formação citada no início desta postagem, o qual aqui transcrevo por completo: “Em países desenvolvidos o problema da violência foi resolvido através da educação.” Em escolas francesas e norte-americanas, para ficarmos apenas em dois países do G7, são alarmantes os dados da violência cotidiana, com situações tão extremas como o estupro, o tráfico de drogas e o comércio de armas no dia-a-dia de algumas escolas, espelho do cotidiano de suas cidades mundialmente conhecidas.

Fica um questionamento que faço, em primeiro lugar, para mim mesmo: que conjunto de medidas mudariam, afinal, positivamente o perfil de uma nação?
Em tempo: a imagem no topo desta postagem é do filme Escritores da Liberdade. Simplesmente imperdível para todo o educador, independente da faixa etária com a qual atua.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Aprendizagem na vida adulta


Na aula de número 6 de Psicologia, somos convidados a refletir um pouco sobre a questão da aprendizagem na vida adulta. Para tanto, após a leitura do texto indicado, percebendo neste vários questionamentos, achei por bem pensar a respeito das questões ali colocadas. Tais questões, seguidas de minhas reflexões pessoais, seguem abaixo:


1. Compare as duas definições para adulto: a do dicionário e a da lei.Existe uma concordância perfeita entre as duas definições? No que elas diferem?

Percebe-se que ambas são bastante distintas, não havendo uma convergência entre elas. Quando a definição do dicionário cita a “idade vigorosa”, não faz menção alguma à idade estabelecida pela lei brasileira. Posto que em diferentes culturas adentra-se na vida adulta em períodos também diferentes, a definição expressa em lei obviamente baliza questões de ordem e ajustamento social, de forma que o adulto seja aquela que já pode responder por suas ações. A definição legal ignora a existência de uma prontidão intelectual, psicológica e emocional do sujeito. A definição do dicionário, mais abrangente, considera questões como a maturidade e o desenvolvimento (ainda que não cite em quais aspectos) do indivíduo.

2. Se a teoria diz que, em média, as pessoas atingem o operatório formal aos doze anos, isso significa que todas as pessoas, ao atingirem doze anos atingem o estádio das operações formais?

A teoria é clara a respeito, estabelecendo apenas uma média ao citar a idade de doze anos. Ocorre que temos crianças que chegam aos doze anos estruturando-se no estágio operatório-concreto, necessitando de um período bastante particular para construir uma identidade própria do estágio operatório-formal.


3. Isso significa que todos os adultos, por atingirem 18 anos de idade, automaticamente, atingiram o período operatório formal do desenvolvimento cognitivo?

Ao completar 18 anos, o indivíduo legalmente adulto deve estar no período operatório formal do desenvolvimento cognitivo. Duas características do estágio operatório-formal, que são a possibilidade de se refletir para além do real presente e de pensar sobre o próprio pensamento, entre outras, indicam que o jovem adulto encontra-se no período operatório formal, muito mais do que sua idade. São tantas as nuances de um ser humano para outro que a entrada na vida adulta aos 18 anos não significa que se está maduro, ou ainda, que se entrou “automaticamente” no último dos estágios descritos por Piaget. O próprio texto já diagnostica perfeitamente que podemos afirmar que a entrada no operatório formal poderá ser percebida no sujeito a partir de “sua relação com o objeto do conhecimento, [...] sua maneira de pensar, refletida no modo como lida com os problemas da realidade, seja ela interna ou externa.”

4. Será que basta ao professor passar o conteúdo ou será que as relações interpessoais que se constituem em sala de aula são relevantes para a educação?

Podemos imaginar inúmeras configurações físicas e interpessoais em uma sala de aula. Um professor poderá dispor a sala em U, em círculos, em colunas, entre outras formas, mas na ausência de diálogo com os alunos, dependerá totalmente desses que a disposição física faça qualquer diferença. Contudo, comumente são os professores que estabelecem diálogos com seus alunos que justamente propõem novas configurações físicas em suas salas de aula, pois acreditam que a proximidade dos alunos entre si e do professor para com eles é extremamente positiva no processo de ensino-aprendizagem.

5. Será que é sempre fácil para o aluno colocar-se no ponto de vista do professor e acompanhar o seu raciocínio? Será que é sempre fácil para o professor dar-se conta de que o raciocínio do aluno é diferente do seu?

Não é sempre fácil, definitivamente. A bem da verdade, em qualquer tipo de relacionamento – familiar, conjugal, profissional, entre outros – observar uma situação a partir do ponto de vista alheio segue sendo um exercício de humildade e bom senso. Aceitar que a opinião do outro possa estar não apenas correta, mas ser a mais factível, é uma demonstração de maturidade e humildade de quem se permite não ter razão o tempo todo. Contudo, afirmar que seria mais fácil ao professor fazer este movimento necessita de uma justificativa, ou estaríamos subestimando esta mesma capacidade por parte de nossos alunos. Ocorre que o professor tem uma formação acadêmica que, espera-se, contribua para um discernimento entre o seu papel, de mediador, e o do aluno, que deve ser estimulado a tornar-se um pesquisador em prol de sua aprendizagem. Como mediador e motivador, o professor constantemente precisará fazer um movimento que permita perceber que a forma do aluno pensar não é necessariamente um reflexo da sua, não por capacidade, mas pela singularidade dos seres humanos e pelas diferentes posições que ocupam em um mesmo espaço, no caso, a sala de aula.

6. Será que nas relações professor-aluno na educação de jovens e adultos está também presente o processo de transferência ou ele apenas ocorre na relação com crianças?

Buscando em Freud o que significam as transferências, encontrei que essas são“reedições dos impulsos e fantasias despertadas (...) que trazem como característica a substituição de uma pessoa anterior pela pessoa do médico” (ou professor) . Freud igualmente afirma que “é difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve maior importância foi a nossa preocupação com as ciências que nos eram ensinadas, ou pela personalidade de nossos mestres.” O aluno da EJA não raro permite-se vivenciar tal processo, como em situações que o faz tomar certas atitudes em seu trabalho ou na vida afetiva porque parte da premissa que seu professor agiria da mesma forma. Isto é, o aluno que se identifica com o professor X tende a fazer as escolhas que, imagina, seu professor faria ou aprovaria. Os próprios sentimentos de rejeição ou empatia do aluno para com um determinado professor, sem aparente razão, podem estar ligados a processos de transferência inconscientes.

domingo, 21 de setembro de 2008

ENQUETE - O PEAD E SUAS AÇÕES PEDAGÓGICAS



Esta enquete tem por objetivo permitir que os alunos possam aferir, sem necessidade de identificação, o quão significativo tem sido este curso na vida profissional de todos os que fazem parte do PEAD/UFRGS.

Após a leitura do questionamento abaixo e reflexão, marque apenas uma resposta e clique no botão VOTAR. Você pode ainda verificar o resultado até o momento do seu voto clicando no botão RESULTADO PARCIAL.

Grato por sua visita e seu voto!



Após o início do PEAD sua fala e ação pedagógicas estão mais qualificadas?

Sim, percebo que me posiciono com mais segurança e que planejo muito melhor minhas ações.

Noto um ganho significativo na sala de aula, mas ainda sinto-me com pouco preparo para debates.

Ainda não percebo modificações significativas que possam ser atribuídas ao PEAD.












sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Constituição de 1988 versus Constituição de 1934



Minha leitura anterior da Consitutição Brasileira deu-se apenas quando foi promulgada nossa mais recente Carta Magna. Tratava-se de algo parecido com o best seller do momento. Bem, ao menos o era para mim.


Contudo, recordo igualmente que decepcionei-me logo na leitura do artigo 5º, pois em meu pensamento permanecia uma única frase, quase um mantra: "não é verdade, não é bem assim!"


Nossa Constituição é tida como própria de uma nação democrática, auspiciosa de dias mais justos e melhores para todos. Mas o cotidiano mostra-se bastante distinto do que o papel aceitou passivamente nas gráficas. Soa quase como escárnio apregoar que todos são iguais perante a lei ou, no artigo seguinte, o sexto, que são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados...


Entretanto, inegáveis os ganhos nas garantias individuais e coletivas que se pode perceber com a leitura de nossas Constituições de 1934 e seguintes. Ao contrário de 1934, em nossa recente Constituição percebemos que a sede fiscal da União é sensivelmente menor, pois dá-se uma autonomia então inexistente aos municípios, o meio ambiente é amparado em lei, a censura nos meios de comunicação é abolida e são previstas eleições em dois turnos, entre outras mudanças.


Pesquisando a respeito da nossa Constituição, inteirei-me de que ela está ligada aos ideais tanto Iluministas* quanto da Revolução Francesa**.


*O Iluminismo dava ênfase nas idéias de progresso e perfectibilidade humana, assim como a defesa do conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e ideologias tradicionais.


** Foi influenciada pelos ideias do Iluminismo.


(Fonte das duas observações acima: http://www.wikipedia.org/)

Aprendizagem na Vida Adulta

Com os alunos da EJA durante aula de inglês



A proposta da sexta aula de Psicologia começa com a leitura do texto cujo nome é o mesmo do título desta postagem. A seguir, orienta-se que escrevamos a respeito de nossas experiências cotidianas de aprendizagem, "tentando entender de que forma as características do desenvolvimento intelectual do jovem e do adulto e as relações professor-aluno se manifestam no seu próprio processo de aprendizagem."

Optei por fazer este primeiro relato antes de abrir o texto indicado, colocando aqui minhas idéias a respeito de como eu próprio construo meu conhecimento. Quase que um desafio lúdico para mim mesmo, meu propósito é poder comparar o que muda nas duas postagens a respeito da aprendizagem na vida adulta (além do presente foco na primeira pessoa do singular), uma anterior à leitura e, a seguinte, após reflexão desencadeada pela mesma.
Em primeiro lugar, o ensino a distância é a modalidade ideal para mim. Com tal afirmação, posso estar a provocar uma idéia equivocada de que não aprecio trabalhar em equipe. De modo algum, pois muitas reflexões só são possíveis quando temos a oportunidade de compartilhar. Mas aqui estamos a falar sobre processo de aprendizagem e esta, em meu caso particular, deu-se na maioria das áreas em uma atmosfera bastante individual. Vamos a alguns exemplos...

O que sei de informática aprendi na medida em que busquei. Jamais freqüentei qualquer curso, pois minha opção foram horas prazerosas de tentativa/erro/tentativa/acerto. Lembro quando comprei meu primeiro computador, um IBM Aptiva, por volta de 1995, sabendo apenas a denominação das partes de um computador. Quanto ao uso dos softwares, era completamente obtuso. O mesmo processo de aprendizagem ocorreu com o uso de eletrônicos, pois lembro ainda quando, na década de 1980, era constantemente requisitado por amigos para ensiná-los a gravar na novidade que era o gravador de fitas VHS, ou a instalar seus equipamentos adquiridos. Com a Língua Inglesa não foi diferente: desde os dez anos de idade, quando percebi que poderia aprender outra língua, não perdia a oportunidade de ampliar meu vocabulário e aventurar-me no uso da gramática estrangeira. Minhas ferramentas eram letras de músicas – que na época eram difíceis de conseguir, posto que Internet ainda era uma desconhecida do grande público – e livros que me eram doados por pessoas atentas a meus anseios.

Mas qual ligação percebo entre o ensino a distancia com minha experiência acima relatada e a aprendizagem de adultos? A primeira questão fica evidente: aprendi sozinho, nos moldes que tal modalidade de ensino guardava outrora: estudava-se a partir de manuais, sem a expectativa de encontros presenciais. Já adulto, percebo que sou afeito a aprender por minha própria conta. Não hesito em perguntar, tirar minhas dúvidas, mas dificilmente imaginaria uma situação na qual não tentasse, antes, reservar-me o direito de construir minha aprendizagem em meu ritmo, com as fontes de consultas que me pareçam as mais indicadas.

Mais precisamente com relação ao PEAD, mantenho uma postura aprendida da infância e reforçada em meus dois anos como pesquisador em duas universidades no Japão: o professor pode até não deter o conhecimento, como querem nos fazer repetir todos os pedagogos, mas fascina-me a fala de um verdadeiro mestre, dado que, em silêncio, costumo sorver suas palavras. Dificilmente faço qualquer intervenção, pois aquele momento é de ouvir, refletir e, se for o caso, solicitar algum esclarecimento, a fim de que nova reflexão se processe.

Tenho tal postura tanto como aluno quanto como professor. Meus alunos da EJA sabem, porque fazemos tais combinações, que existe o momento do professor falar e do aluno ouvir, assim como um momento em que os alunos têm a palavra, pois ainda não há outra forma de ocorrer verdadeiro diálogo em sala de aula. E o mais interessante, é que esta espécie de contrato com os alunos dificilmente precisa ser evidenciada - formalmente - pois no dia-a-dia eles e o professor seguem construindo uma atmosfera de respeito mútuo, conhecimentos compartilhados e novas possibilidades de aprendizagem.





quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Tema - A depressão





Escolher um tema como a depressão para desenvolver um trabalho de pesquisa, dentre tantos outros assuntos disponíveis, foi uma decisão tomada sem hesitar. Os estados da psiquê é um assunto que não se esgota, não importa o quanto o estudemos; a psiquê e a alma humana são terrenos ricos para reflexão, para conjecturas e, talvez o objetivo maior, para entender melhor o ser humano.

Existem muitas maneiras de nos inteirarmos acerca da depressão. Dias atrás, em um consultório dentário, li em uma revista de nome Ana Maria, um artigo sobre depressão. Não conhecia a publicação, ou seja, não sei exatamente o tom de suas matérias, mas nesta em especial havia como que uma "receita de bolo" para sair da depressão. Segundo o autor da matéria de duas páginas, uma postura cuidadosa com o visual, exercícios físicos e um tratamento clínico resolveriam.

Qualquer leitor dotado de um mínimo de bom senso perceberia, pelo menos, dois equívocos nestes três passos para a cura, justamente o mais difícil em qualquer empreitada - o primeiro passo - e aquele que a ele se segue. Esqueceram de avisá-lo de que o indivíduo com depressão pode se preocupar com muitas coisas, exceto com sua maneira de vestir-se. Quanto á prática de exercícios físicos, só poderia ser uma piada, não fosse a sua opinião digna de quem se leva a sério. Óbvio que exercícios físicos são bons, são positivos e altamente recomendáveis, mas que tal inverter a ordem e aconselhar uma consulta com um profissional?

Um dos livros que li sobre depressão e a doença maniaco-depressiva - também chamada de transtorno bi-polar - justamente foge das regras fáceis, dos conselhos que pretendem soar sérios. Escrito por uma psiquiatra norte-americana, a qual sofreu por anos de transtorno bi-polar e depressão (inclusive quando já era médica), o seu relato é comovente e sem máscaras; disseca a depressão, as manias e os horrores tanto de quem sofre a doença quanto a dor e/ou indiferença dos familiares, colegas e amigos. "Uma Mente Inquieta", da doutora Kay R. Jamison, vale um final de semana inteiro de boa leitura ao sol. Um relato honesto, por vezes poético, noutras oportunidades quase cruel, justamente por ser extremamente sem rodeios.

E numa linha que lembra a matéria citada da revista Ana Maria, li também "12 Semanas Para Mudar Uma Vida", do psiquiatra Augusto Cury. São caminhos que o médico aponta para "promover a saúde psíquica" ao longo de doze semanas. Honestamente, não sei se uma pessoa deprimida teria forças para agüentar doze semanas de faça isso ou aquilo. Por isso, melhor ler o livro antes de conhecer o que seja a depressão. Comparando os dois, fico com o primeiro. Contudo, são livros com objetivos bem distintos, não tenho a menor dúvida.

Para finalizar, duas passagens que me marcaram a seu modo:

"... primeiramente enxergar a grandeza da vida e nunca se diminuir, se inferiorizar ou ter pena de si mesmo." Cury

"...a depressão é neutra, oca e insuportável. [...] você está [...] irritável, paranóico, sem senso de humor, sem energia, cheio de críticas e exigências, e nenhum tipo de esforço jamais é suficiente para reanimá-lo. Você 'não está nem um pouco parecido consigo mesmo, mas logo vai estar', só que você sabe que não vai." Jamison

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

TRANSFORMAÇÕES NA CONVIVÊNCIA SEGUNDO MATURANA



Em parceria com Francisco Varela, Maturana percebe o mundo como um organismo eternamente incompleto, o qual recebe intervenções de cada indivíduo que o transformará ao longo de sua evolução como ser essencialmente social. O biólogo chileno mantém o viés ininterrupto da essência da socialização para que a trajetória de cada um tenha chances de ser bem sucedida emocionalmente.

No próprio fórum da interdisciplina eu destacava ser impossível desvincular a aprendizagem efetiva da emoção, pois tanto a fala de Maturana quanto nossas experiências não mais deixam dúvidas: a aprendizagem significativa é aquela que privilegia a emoção em seu processo.

Nota-se no texto de Maturana uma atenção especial para a humildade nas nossas intervenções sociais. Ao estabelecermos vínculos, a prepotência concorreria contra a possibilidade dos mesmos sequer se efetivarem. Chego a tal conclusão quando Maturana diz que "[...]tem a ver com a maneira de encontrarmo-nos com o outro. Se o fizermos numa posição na qual pretendamos ter acesso privilegiado à realidade (e a concebemos como única), o outro deverá fazer o que dissermos ou estará contra nós. Se nos encontrarmos com o outro com consciência de que não temos o acesso à realidade independente do observador, o encontro será de aceitação, amoroso."

O autor destaca redes de relações que se dão pelo medo ou pelo afeto, o que podemos cotidianamente perceber, em especial, nas famílias e nas salas de aula. Em uma sala de aula, uma relação de afeto entre as partes certamente funcionaria como facilitadora da aprendizagem.

De fato, outro autor, Antonio Damásio (médico - dirige centro de pesquisa neurológica nos EUA), afirma não ser verdade “[...] que a razão opere vantajosamente sem influência da emoção. Pelo contrário, é provável que a emoção auxilie o raciocínio, em especial quando se trata de questões pessoais e sociais que envolvem risco e conflito” (DAMÁSIO, 2000, p. 63). O autor destaca que o senso comum nos diz para afastar os sentimentos e as emoções quando necessitamos tomar decisões. Segundo o pesquisador, a racionalidade do indivíduo seria severamente comprometida pela supressão da emoção e do sentimento.

Somos bombardeados por informações que passam a ser acreditadas por praticamente todos nós. Dentre tais pretensas verdades, o dualismo tido como inerente do ser humano parece indiscutível. Somos divididos em mente versus corpo, razão versus emoção e, como afirma Damasio, que para todas as escolhas de determinado sujeito existem explicações biológicas e explicações culturais, sem qualquer possibilidade de uma visão científica e, por que não, holística dos processos ligados à mente. É um tema fascinante e, com certeza, conflitante. Por isso, procurei buscar novamente em Maturana uma fala em harmonia com Damásio, pois encontro conforto nas palavras de ambos quando arriscam-se a ser motivo de chacota na comunidade científica, como porta-vozes da importância das emoções nas relações de convivência.

Destacando aqui uma afirmação de Maturana em especial: \"[...] a realidade que vivemos depende do caminho explicativo que adotamos, e este depende do domínio emocional no qual nos encontramos no momento da explicação.”, percebo que, apesar de compartilharmos um mesmo espaço físico e temporal, nossa evolução neste meio comum dar-se-á tanto por nossas reminiscências (aqui evoco Erikson) quanto pelo desejo real de que ela possa processar-se. Como não há verdade absoluta sem uma verdade relativa correspondente, o que fazemos com o que nos é oferecido dependerá de nossas experiências e diferentes domínios nos quais encontramo-nos naquele momento. Amiúde, é o que instiga a uns o desafio, enquanto a outros a desistência.

domingo, 7 de setembro de 2008

Projeto de Aprendizagem

Nosso projeto de aprendizagem motivou-me a iniciar inúmeras leituras e a assistir alguns programas de tv a ele relacionados. Hoje mesmo, em pleno Dia da Independência, o canal The History Channel exibiu um programa de 2 horas sobre tecnologia alienígena. Dado que nosso tema é sobre a possibilidade de vida extraterrestre, não poderia perder.
O programa fez abordagens bastante inusitadas tais como:
1. Pensando nos problemas decorrentes das forças G que os pilotos de caça enfrentam, como os aliens superaram os efeitos de tais forças na hipótese de suas naves cruzarem o espaço à velocidades próximas da luz?
2. Como obtiveram tamanho impulso de aceleração?
3. Quais combustíveis utilizam?
Interessante que a linha do programa não foi abrir espaço para a discussão sobre a existência ou não de alienígenas. Partindo do princípio que existam, o debate ficou a cargo de cientistas, mecânicos, físicos, pilotos de caças e engenheiros, os quais mostraram, por exemplo, os efeitos da inércia nos seres humanos por conta da desaceleração de um automóvel, comparando o mesmo efeito numa nave que viaja com velocidade ainda impensável para nossa tecnologia atual.
Coincidentemente, a revista SuperInteressante de agosto traz matéria com o mesmo tema. Ao ler a respeito dos inúmeros projetos envolvendo a busca por vida fora da Terra, fica uma certeza: é só uma questão de tempo para que tenhamos as tão esperadas provas que os céticos exigem para não chamar àqueles que acreditam de tolos. Aliás, foi com esta matéria que tomei conhecimento de uma ciência que já foi alvo de todo o tipo de chacota, pois era citada como ciência sem objeto de estudo: a exobiologia.
De acordo com a Wikipedia, a exobiologia "é o estudo da vida fora da Terra, o que inclui o estudo da vida noutros planetas e o estudo da vida em nuvens interestelares. Também está direcionada para o estudo de como ambientes extraterrestres podem afetar organismos vivos. Esta palavra foi criada no início da década de 1960 por Joshua Lederberg, um biólogo que trabalhou para NASA em programas experimentais voltados para a busca de vida em Marte. A exobiologia é uma ciência relativamente nova, tratando-se de um ramo da biologia que estuda as condições para a manutenção da vida fora do planeta Terra."

EDUCAÇÃO NACIONAL E SISTEMAS DE ENSINO



Desde a Proclamação da República, em 1889, o Brasil transitou pela democracia e o autoritarismo. Nos anos de governo militar, evidenciavam-se mais características de estados unitários na organização política do que propriamente de um estado federativo democrático.


Ao fazer as leituras e desenvolver o texto para o módulo 2, pude aprofundar-me no quanto os anos ditatoriais usurparam da autonomia dos estados, por meio de uma forte repressão política e toda sorte de aparato de controle fiscal e de segurança, emprestando ao País um novo formato de federação, o qual foi paulatinamente revertido a partir da década de 1980, quando se inicia no Brasil o período de recuperação das bases de um estado federalista.


A Constituição de 1988 procura devolver aos estados e municípios uma autonomia somente possível a partir da descentralização fiscal e de poder decisório, desde que não firam a Carta Magna, obviamente.