sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Aprendizagem na Vida Adulta

Com os alunos da EJA durante aula de inglês



A proposta da sexta aula de Psicologia começa com a leitura do texto cujo nome é o mesmo do título desta postagem. A seguir, orienta-se que escrevamos a respeito de nossas experiências cotidianas de aprendizagem, "tentando entender de que forma as características do desenvolvimento intelectual do jovem e do adulto e as relações professor-aluno se manifestam no seu próprio processo de aprendizagem."

Optei por fazer este primeiro relato antes de abrir o texto indicado, colocando aqui minhas idéias a respeito de como eu próprio construo meu conhecimento. Quase que um desafio lúdico para mim mesmo, meu propósito é poder comparar o que muda nas duas postagens a respeito da aprendizagem na vida adulta (além do presente foco na primeira pessoa do singular), uma anterior à leitura e, a seguinte, após reflexão desencadeada pela mesma.
Em primeiro lugar, o ensino a distância é a modalidade ideal para mim. Com tal afirmação, posso estar a provocar uma idéia equivocada de que não aprecio trabalhar em equipe. De modo algum, pois muitas reflexões só são possíveis quando temos a oportunidade de compartilhar. Mas aqui estamos a falar sobre processo de aprendizagem e esta, em meu caso particular, deu-se na maioria das áreas em uma atmosfera bastante individual. Vamos a alguns exemplos...

O que sei de informática aprendi na medida em que busquei. Jamais freqüentei qualquer curso, pois minha opção foram horas prazerosas de tentativa/erro/tentativa/acerto. Lembro quando comprei meu primeiro computador, um IBM Aptiva, por volta de 1995, sabendo apenas a denominação das partes de um computador. Quanto ao uso dos softwares, era completamente obtuso. O mesmo processo de aprendizagem ocorreu com o uso de eletrônicos, pois lembro ainda quando, na década de 1980, era constantemente requisitado por amigos para ensiná-los a gravar na novidade que era o gravador de fitas VHS, ou a instalar seus equipamentos adquiridos. Com a Língua Inglesa não foi diferente: desde os dez anos de idade, quando percebi que poderia aprender outra língua, não perdia a oportunidade de ampliar meu vocabulário e aventurar-me no uso da gramática estrangeira. Minhas ferramentas eram letras de músicas – que na época eram difíceis de conseguir, posto que Internet ainda era uma desconhecida do grande público – e livros que me eram doados por pessoas atentas a meus anseios.

Mas qual ligação percebo entre o ensino a distancia com minha experiência acima relatada e a aprendizagem de adultos? A primeira questão fica evidente: aprendi sozinho, nos moldes que tal modalidade de ensino guardava outrora: estudava-se a partir de manuais, sem a expectativa de encontros presenciais. Já adulto, percebo que sou afeito a aprender por minha própria conta. Não hesito em perguntar, tirar minhas dúvidas, mas dificilmente imaginaria uma situação na qual não tentasse, antes, reservar-me o direito de construir minha aprendizagem em meu ritmo, com as fontes de consultas que me pareçam as mais indicadas.

Mais precisamente com relação ao PEAD, mantenho uma postura aprendida da infância e reforçada em meus dois anos como pesquisador em duas universidades no Japão: o professor pode até não deter o conhecimento, como querem nos fazer repetir todos os pedagogos, mas fascina-me a fala de um verdadeiro mestre, dado que, em silêncio, costumo sorver suas palavras. Dificilmente faço qualquer intervenção, pois aquele momento é de ouvir, refletir e, se for o caso, solicitar algum esclarecimento, a fim de que nova reflexão se processe.

Tenho tal postura tanto como aluno quanto como professor. Meus alunos da EJA sabem, porque fazemos tais combinações, que existe o momento do professor falar e do aluno ouvir, assim como um momento em que os alunos têm a palavra, pois ainda não há outra forma de ocorrer verdadeiro diálogo em sala de aula. E o mais interessante, é que esta espécie de contrato com os alunos dificilmente precisa ser evidenciada - formalmente - pois no dia-a-dia eles e o professor seguem construindo uma atmosfera de respeito mútuo, conhecimentos compartilhados e novas possibilidades de aprendizagem.





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