domingo, 3 de maio de 2009

Sem cinismo, por favor!

A inclusão que vejo na prática, sem máscaras, sem cinismo...
Na minha Escola, da rede municipal de ensino, o que ocorre efetivamente é: o aluno é matriculado e o professor precisa dar conta. O conto de fadas iniciou quando fizeram as rampas de acesso para cadeirantes, apliando-se também as portas das salas a fim de que as cadeiras de rodas passassem. Mas terminou por aí.
Estranhamente não há na Escola um aluno sequer que utilize cadeiras de rodas, mas temos alunos com síndrome de down e com alguma deficiência mental, todos ex-alunos da Escola Especial Cebolinha. Uma de minhas colegas relata que seu aluno com down faz as necessidades em plena sala de aula, para dizer o mínimo, quando está furioso. Este é o segundo ano dele na Escola e posso garantir que não vi avanços, inclusive no que diz respeito a esta característica incomum para mim.
Alguém pode me dizer: mas com a criança especial é assim mesmo, os avanços são muito sutis, extremamente lentos. É por isso que, francamente, sempre fui a favor da escola especial, na qual se matriculam alunos com necessidades educacionais especiais, com professores que tenham buscado formação específica, todos atuando em um universo com uma estrutura (recursos físicos, materiais e humanos) que a escola regular não tem, não tem, não tem e ponto final. Mas aí tem a lei que prega que toda a escola é inclusiva e, por extensão, as escolas especiais seguem cada vez em menor número.
Voltando ao aluno com down... Existe a afirmação, com a qual concordo, que este aluno especial precisa conviver com outras crianças, pois descobrirá deste modo a diversidade. Mas não creio que antes da inclusão eles desconhecessem o fato das crianças serem diferentes deles e seria muito cinismo dizer que uma criança down não tem qualquer contato com pessoas que não tenham a mesma doença, de idades variadas, caso não esteja "incluída" em uma escola regular.
Quando faço estas afirmações, passo a impressão de que não gosto da criança com necessidades educacionais especiais. Pois pelo contrário, meu carinho por eles é tamanho que pergunto: não seria mais sensato, inteligente, sensível e honesto para com estas crianças e seus pais criar e manter centros especializados em cada município? Ou estarão usando a inclusão com uma espécie de bandeira revolucionária na educação que visa ter lugar nos palanques políticos e discursos vazios de sempre???

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