quinta-feira, 21 de maio de 2009

Materiais adaptados


A proposta da disciplina de Necessidades Educacionais Especiais passava pelo que segue: “Pense na seguinte situação: você (...) gosta de realizar trabalhos com tesoura, picotar, pintar e completar. Mas neste ano, você recebeu na sua sala um aluno com Paralisia Cerebral, você se pergunta: e agora o que faço?”

É quase certo que estamos diante de uma daquelas perguntas inevitáveis. E é bem possível que o aluno tenha dificuldades motoras nos membros superiores que venham impedindo nos últimos anos a utilização de uma tesoura da forma como esperamos que os alunos possam utilizá-la. Pois conheci através do texto Atendimento Educacional Especializado tesouras que foram submetidas à adaptações. Posso estar enaltecendo demais algo de tecnologia tão simples. Entretanto, minha atenção costuma focar a criatividade, a inventividade do ser humano. E se não celebramos um instrumento com uma adaptação que usou materiais simplórios, então estamos a perder a capacidade de nos encantar, essencial no magistério.

No próprio fórum da disciplina dei destaque justamente a tais adaptações, as quais foram feitas usando materiais que temos, praticamente todos, na ferragem mais próxima ou, até mesmo, em nossas casas.

Temos a tesoura adaptada com arame revestido e uma segunda, a qual tem uma base de madeira, para aquele aluno que não pode apertar a argola da primeira, mas bater. Existe ainda um terceiro tipo de tesoura adaptada, que é uma tesoura elétrica controlada por acionadores. 

Se o problema é o manejo do lápis, a aranha-mola auxilia a criança no traçado de letras, desenhos, etc. O engrossador de lápis (de espuma, de borracha), a pulseira imantada e a órteses são outras alternativas, cada uma atendendo a uma diferente necessidade para o aluno com dificuldade de segurar o lápis e/ou fazer um bom traçado.

Ao longo dos meus estudos, flagrei-me a pensar: muito interessantes as tesouras e lápis adaptados. Mas onde encontrá-los e quem paga por eles?

Segundo o art. 61 do decreto nº 5296/04, o professor especializado, ao identificar com seu aluno os recursos de tecnologia assistiva (TA) que podem auxiliá-lo, orienta-o acerca dos seus direitos, a fim de que ele ou seus responsáveis possam recorrer ao poder público, buscando ter tal direito garantido. 

Tendo determinado com o aluno quais recursos de TA providenciam um melhor desempenho nas atividades de motricidade fina, entre outras, o professor irá cuidar para que este mesmo recurso acompanhe o aluno para a sala de aula e/ou fique com a criança, como parte de seu material escolar.

Quanto a avaliação, é considerado simplesmente tudo o que este aluno consegue fazer. A própria adaptação do aluno ao recurso já faz parte de sua avaliação. O processo como um todo e a criança em sua plenitude são a própria matéria para a avaliação.


Só por esta pequena postagem percebe-se que me encanto mais e mais com a educação especial. E os próprios materiais, muitas vezes quase simplórios, utilizados para trabalhar com estas crianças, não nos permitem afirmam que nossas escolas não podem preparar-se para recebê-las. Será que alguém ainda ousaria dar as costas a um aluno com paralisia cerebral? è que a inclusão por força de lei pode nunca acontecer, posto que um olhar indiferente exclui imediatamente aquele que, em principio, quer apenas ser aceito a seu modo.

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