terça-feira, 22 de abril de 2008

Tempo e Espaço


Para a proposta de atividade sobre tempo e espaço pensada na interdisciplina de Estudos Sociais, ao contrário do que geralmente ocorre, decidi fazê-la com meus próprios alunos de EJA, no componente curricular de Língua Inglesa. Será uma oportunidade dos alunos pensarem acerca de seu cotidiano e de ampliar seu vocabulário com o tema proposto. 

Para tanto, cada aluno recebrá a folha acima. Nela, indicarão abaixo da linha horizontal nove horários diferentes (podem incluir mais) e, acima destas, nove atividades correspondentes, uma para cada cada horário. Todos os termos que constem desta linha do tempo deverão obrigatoriamente estar escritos em Inglês, sendo que os mesmos serão trabalhados a medida que os alunos sentirem dificuldade em traduzí-los a partir do Português. Importante: os alunos já sabem vários termos relativos ao cotidiano, o que lhes permitirá fazer praticamente sem o auxílio do professor toda a linha proposta. Minha intervenção será maior no sentido de pensarmos sobre nossos cotidianos, a respeito de como o estamos aproveitando.

Em uma etapa seguinte, mas não no mesmo dia, os alunos trabalharão com uma linha de tempo que inicia em seu nascimento, destacando os fatos mais relevantes de sua vida. Certamente será uma atividade de intensa introspecção, principalmente por se tratar de alunos adultos, permitindo a cada um rever o que já fez e, principalmente, traçar planos para curto, médio e longo prazos.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Olhando Nosso Entorno



Numa proposta de reflexão da interdisciplina de Ciências Naturais, todos os alunos do PEAD foram provocados a escrever sobre suas interferências no meio ambiente. Sendo este um tema que me motiva a fazê-lo, perceber a participação intensa dos colegas no fórum criado para tal foi bastante satisfatório. (Postagem da maior parte deste texto foi feita no webfólio)

O vídeo BALANCE, vencedor do Oscar de melhor curta de animação em 1990, - clique aqui para assistir - indicado no módulo 2, retrata o quão frágil é o equilíbrio em nosso Planeta e como cada ser humano faz a diferença para um cotidiano sustentável.
BALANCE é um curta-metragem de 1989, vencedor do Oscar de melhor curta de animação. O vídeo foi produzido na antiga Alemanha Ocidental, ou seja, quando o Muro de Berlin ainda era uma realidade entre nós. Nota-se um viés crítico ao cotidiano e a atual falta de harmonia entre os habitantes de nosso Planeta.

Podemos fazer uma analogia entre o título do curta e o recurso de balanço de qualquer aparelho de som com este controle, o qual divide as notas musicais entre os canais direito e esquerdo. Quando o balanço encontra-se demasiado para a esquerda, menos som é percebido pelo canal contrário, e vice-versa. Uma perfeita harmonia entre os dois canais só é obtida quando o controle de balanço não privilegia nenhum do canais em especial. Da mesma forma, sempre que um determinado indivíduo ou grupo destes não tem direito aos mesmos privilégios de um indivíduo ou grupo distinto, ocorre uma ruptura nesta harmonia, ocasionando as cotidianas diferenças gritantes tanto entre nações quanto classes sociais de uma mesma localidade.

1) Escreva sobre a relação entre a ocupação do espaço pelos habitantes daquele universo e o equilíbrio do mesmo.

O vídeo basicamente explora, de maneira incrivelmente didática, a importância da cooperação para que exista um equilíbrio no conjunto. É justamente quando algum indivíduo, no vídeo, cede à sua curiosidade e deixa de cooperar que o desequilíbrio ocorre, comprometendo de forma fatal para a segurança de todos. À medida que os habitantes daquele universo plano ocupavam espaços de maneira irresponsável, toda a harmonia do ambiente sofria diretamente um desequilíbrio, colocando em risco a segurança de cada indivíduo. Enquanto no início do filme o foco de cada habitante estava voltado para o equilíbrio de seu mundo plano, conforme estes cedem ao desejo de descobrir o que se esconde no interior de uma caixa, sem qualquer cooperação para tanto, ao final podemos observá-los em inúmeras tentativas individuais e infrutíferas de salvar suas próprias vidas. A vida no universo plano só seria possível com uma ocupação ordenada, democrática e cooperativa dos espaços.

2) Como ações individuais podem alterar o equilíbrio de um sistema?

Se eu e você entendêssemos a Terra como um corpo vivo, os seus habitantes humanos seriam divididos em dois grupos: um primeiro que destrói e um segundo que tenta recuperar o que o primeiro causou ao organismo que todos habitam.

As pessoas do segundo grupo já foram chamadas de “biodesagradáveis”, pela insistência com que tratam um tema que a cada dia torna-se mais urgente: estamos consumindo à exaustão os recursos de único planeta conhecido capaz de sustentar a vida humana.

Pensando no foco do questionamento proposto acima, as ações individuais nos lembram que somos todos responsáveis pelo cotidiano de desequilíbrio ambiental com o qual tentamos conviver. Um exemplo do quanto somos parte do problema e, ao mesmo tempo, da solução, é o rodízio de automóveis adotado em São Paulo, pensado igualmente para a capital gaúcha. Cada automóvel que circula nas avenidas de uma cidade faz diferença no cômputo final tanto dos congestionamentos de tráfego quanto na qualidade do ar que respiramos. O indivíduo que tem como destino para os restos de alimentos uma composteira, ou aquele que separa o lixo antes de depositá-lo em frente de sua residência, estão promovendo uma máxima de Gandhi, que dizia: “Devemos ser a mudança que queremos para o mundo.” Os restos que foram para a composteira, para ficar só neste exemplo, poupam o aterro sanitário e dispensa o proprietário da mesma de comprar adubo químico para os seus canteiros de flores e hortaliças. Uma pequena mudança que poupou o solo de produtos químicos e promove uma alimentação mais saudável. Uma atitude simples que promove mudança em um cotidiano que urge pelo resgate de uma vida mais simples e ecologicamente responsável.

3) Relacione a proposta do filme com o DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL.

O desequilíbrio ambiental ocorre quando os fatores bióticos e abióticos sofrem uma desarmonia em suas inter-relações. Por exemplo, quando as ações do homem interferem de tal modo na qualidade da água dos mananciais, a ponto de um rio ser considerado morto, diz-se que as relações desarmoniosas e irresponsáveis do homem para com seu meio causaram um desequilíbrio ambiental. No curta “Balance” esta ação irresponsável é representada pela curiosidade desmedida, que impera em detrimento da segurança de todos e do equilíbrio do universo que habitam, causando a ruptura da harmonia cotidiana, resultando na morte dos indivíduos que antes viviam sem maiores contratempos.

O filme propõe uma tomada de atitude individual em prol da coletividade, de tal forma que nossas ações visem à cooperação, pela manutenção das condições adequadas para a vida na Terra.

Ainda nos parece ser possível reverter as ações predatórias da raça humana na Terra, mas este precisa ser entendido como um compromisso de todos, não somente dos governos ou de um grupo de indivíduos. Cada um de nós interfere no ambiente de maneira danosa, nos atos mais rotineiros do dia-a-dia.

Reflita: Ainda que não joguemos papel no chão, que levemos nossa garrafinha de água mineral vazia consigo até a próxima lixeira e outras atitudes próprias de um cidadão bem educado, já pensamos no impacto que os inúmeros produtos químicos utilizados na limpeza de nossas residências causam no destino final destas substâncias?

Por vezes tenho a impressão que somos, das criações divinas, a única que não saiu conforme os planos dEle. Ainda numa perspectiva creacionista, penso que interpretamos mal a ordem para "dominarmos" o mundo. Conjugamos o verbo com outros de forma irresponsável: dominar com tiranizar; dominar com devastar, ...

Como educadores, devemos exercer o papel de promotores de um cotidiano menos danoso, buscando uma integração gradativamente maior com o meio do qual somos parte - não senhores.

Como habitantes do Planeta, é indispensável recordarmos que cada pequena ação nossa faz a diferença no todo. Tal qual o mote "pense globalmente, aja localmente", apontar o olhar para o nosso entorno nos distancia das utopias.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Video sobre campo aditivo





Colegas, este vídeo também está na biblioteca do Rooda. Faz parte da edição online da revista de maio de 2007. Bom proveito e bons estudos!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Negativo não?



Talvez seja um tabu: números menores que zero nos anos iniciais do ensino fundamental não existem! Lembro que uma professora, quando eu ainda era aluno de 4ª série, que nos convidava a criarmos nossos própiros problemas matemáticos e a apresentar a solução. Ainda que a professora fosse uma progressista para a época, por volta de 1977, não aceitava se apresentássemos qualquer proposta cuja resposta fosse um número negativo. Lembro que ela dizia que "aquele número não poderia aparecer" em nossos problemas. Estranho isso, quase anacrônico, pois praticamente qualquer criança já ouviu algum de seus responsáveis comentar que está devendo ou que o saldo está negativo. Talvez ainda não entenda o que significa, mas não seria este o momento de trabalharmos uma educação financeira com nossos alunos?

Na história de matemática, encontraremos matemáticos europeus nos séculos XVI e XVII que não aceitavam os números negativos como resposta, considerando-os errados ou impossíveis quando apareciam em seus próprios cálculos. Os números já foram chamados de "números absurdos" e "números fictícios", até o século XVIII, "quando foi descoberta uma interpretação geométrica dos números positivos e negativos como sendo segmentos de direções opostas."

Nas salas de aula, toda a criança acha fácil calcular 2 + 3 usando seus dedos.
Mas como calcular 2 - 3 ? 

De acordo com a revista Nova Escola de Junho de 2000, a professoraLeda Maria Bastoni Talavera, do Colégio Campos Salles, de São Paulo, utiliza para tanto uma régua operatória, a qual constrói com seus alunos.

Feita de cartolina, ela é formada por duas retas numéricas que vão do —9 ao 9 e se movem para a direita e para a esquerda, permitindo resolver somas e subtrações. "Movimentando as escalas, o estudante compreende cada passo da operação e chega mais facilmente ao resultado", explica Leda.

A régua, construída pelos próprios alunos, é utilizada apenas nas duas primeiras aulas em que o assunto é abordado. "Depois que eles entendem o raciocínio acabam deixando o material de lado e fazem, sem dificuldade, até as contas com valores maiores."

Para a professora Ruth Ribas Itacarambi, membro do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática, da Universidade de São Paulo, a régua operatória é uma ferramenta interessante por permitir a aprendizagem sem lápis nem caderno. "Quando manipula as lâminas, o jovem vê os componentes do cálculo de maneira concreta, prática sugerida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais", afirma. (Nova Escola)

A imagem acima mostra a régua criada pela professora.







quarta-feira, 9 de abril de 2008

Reflexão Sobre a Síntese

Interdisciplina: Seminário Integrador IV
Professor: Silvestre Novak
Aluno: PAULO ASSIS COSTA MEDEIROS
Data: 03 de abril de 2008 (Data original da postagem no wefólio)
Atividade: Reflexão Defesa da Síntese


Durante muito tempo acreditou-se - e há quem ainda o creia - que a aprendizagem estava intimamente ligada à memorização, em detrimento da construção de conceitos a partir de leitura de mundo, pesquisas e reflexão. Os alunos eram condicionados a responder extensos questionários, devolvendo os conteúdos ao longo de vários exercícios em provas escritas. Concluída a prova escrita, restava aguardar uma nota dada pelo professor a partir da capacidade do aluno em repetir o que retera previamente.

Em um processo de memorização, resta ao aluno incorporar conceitos pré-construídos, ao mesmo tempo que o professor limita-se a transmitir o que se encontra nos livros didáticos, ou seja, falar a respeito de conhecimentos elaborados e registrados de antemão.

A proposta de síntese de aprendizagens e a forma de sua apresentação não simplesmente rompe paradigmas, mas provoca desacomodação no processo de aprendizagem pessoal. Ao desestimular a memorização de dados, a síntese privilegia capacitar o aluno do PEAD com uma linguagem científica e cultural a partir de suas experiências teóricas e práticas. Diferente de uma prova escrita voltada para a aferição da capacidade de retenção de informações, a síntese só é possível a partir de relações estabelecidas pelo aluno com o meio social, cultural e físico, ou seja, seu entorno.

A construção e posterior defesa da síntese causaram desconforto inicial posto que rompia com diversos fatores, entre eles:
a) expansão de conceitos reducionistas, consequência de uma prática de ensino não adotada no PEAD;
b) valorização das concepções e práticas pessoais atrelado ao conhecimento teórico;
c) inexistência de exercícios repetitivos que visassem a memorização;
d) necessidade de leitura e pesquisa, aprofundadas em reflexões de cunho social, histórico e cultural.

Obviamente que a ausência de uma receita, um modelo a seguir, acaba por provocar tanto uma certa insegurança quanto motiva para o desenho de uma paisagem de conceitos, construída a partir da interação com todos os que caminham no PEAD. Todos os alunos estão em iguais condições de produzir as sínteses quando o semestre se aproxima do final, mas é a qualidade da caminhada que emprestará qualidade ao que é postado. Dificuldades com tecnologias surgem ao longo do processo, provocando inclusive protestos por parte de alguns. Entretanto, o aprendizado igualmente reside tanto na capacidade de manter o foco nos objetivos pessoais e das interdisciplinas quanto na constância do acesso ao Rooda e a todas as áreas de apoio disponíveis.

Responsabilizar ambientes virtuais por alguma suposta impossibilidade de dar continuidade aos trabalhos, além de postura irresponsável, demonstra despreparo e imaturidade para os novos tempos, os quais exigem educadores capazes de buscar nos recursos à mão ferramentas que os auxiliem a modificar suas certezas e atitudes docentes.

A formação docente não pode mais ser encarada como simples domínio de conteúdos e metodologia, assumindo a síntese papel de disparadora de um processo reflexivo, a partir das dúvidas que porventura surgissem no concatenar das idéias previamente pensadas.

A dúvida maior - deseja a síntese que cada aluno "devolva" tudo o que aprendeu nas interdisciplinas? - residiu no pensamento nos primeiros instantes, dando lugar à análise, observação, discussão e conclusão na medida em que se compreende ser este um momento de avaliação qualitativa, assim como de novas aprendizagens.



segunda-feira, 7 de abril de 2008

Números por toda a parte



Ao responder a uma questão da interdisciplina de matemática - "Onde há números em sua vida? Para que você os usa?" - percebi que não há um único momento no cotidiano em que não exista a presença de números. Minha lista foi aumentando, a ponto que precisei ser menos prolixo, ou corria o risco de deixar o wiki com uma página imensa. Em resumo, percebi os números quando...


1) Vejo a hora ao despertar;
2) No café, uso duas (2) colheres de sopa de Molico e um copo com 280 ml de água;
3) Ainda no início da manhã, sintonizo a tv no canal 40 (Globo News), 13 (RBS) ou 2 (Record - Porto Alegre);
4) Por volta das 8 horas da manhã ligo o computador e inicio minhas leituras;
5) Quando o relógio marca 10 horas e 30 minutos, páro tudo para iniciar o preparo do almoço;
6) Durante a preparação, tudo são quantidades, tempo de cozimento, temperaturas...
7) Pouco antes das 12 horas, almoço, tomo banho e preparo-me para sair;
8) Às 12:40 vou para a Escola, onde permaneço 4 horas ao longo da tarde;
9) Trabalhando na Secretaria da Escola tudo é pautado por números: um certo número de dias para entregar tal documento, números de cópias xérox solicitadas pelos professores, números de telefones de pessoas e instituições que serão contatados, relatórios de gastos que são digitados, prestações de contas,... mais números por todo o lado;
10) Faço Yoga depois do expediente na segunda-feira e na terça-feira (os números nos dias de semana);
11) Leciono Inglês à noite para alunos com idades que vão dos 15 aos 75 anos... ou mais;
12) Volto para casa e, ao chegar, checo mais uma vez o e-mail (cerca de 20 mensagens podem ali estar esperando minha atenção), além de compartilhar um "olá" pelo Orkut... e percebo que já estou com exatos 512 amigos na minha lista;
13) Fico cerca de duas (2) horas estudando à noite, antes de ir dormir... e já é 1 hora da manhã quando vou deitar-me para dormir, não sem antes ler um pouco.


Observação: até para fazer esta lista usei números!

sábado, 5 de abril de 2008

Criando e/ou editando uma Side Bar no seu Wiki


Aqui você inicia sua side bar. Para ler o passo a passo, clique sobre cada uma das imagens; uma nova janela será aberta no seu computador, permitindo que você leia as instruções.

Ihhhhhhhhh, e agora?



Mas que frase em inglês é esta que apareceu na sua tela???

Selecione o endereço

Selecionando o endereço que será usado para fazer um link na side bar.

Cole o endereço

Colando o endereço salvo e criando o link a partir da frase que você digitou no campo de texto.

Final


Último passo para isenrir um link em sua side bar. E não esqueça de clicar sempre em SAVE antes de sair.



terça-feira, 1 de abril de 2008

A Construção do Natural

O texto da bióloga Marise Basso Amaral - (Tele)natureza e a construção do natural - é disparador de um olhar para a cultura vigente da natureza utilitária, na qual o homem delega a si um papel tanto de senhor quanto expectador, mas de forma alguma parte deste meio ambiente. A autora denuncia o papel da publicidade e da escola enquanto re-apresentadoras da natureza como recurso, uma fonte em que tudo pode ser patenteado, envazado, rotulado e vendido, como se fosse este processo algo natural.

O ser humano é esvaziado de seu significado, assim como a natureza da qual é parte, tornando-se ambos passíveis da manipulação que a indústria e o capital julgarem úteis. A essência do homem justamente se perde quando, por meio da publicidade, define-se escala de valor para as pessoas de acordo com o que vestem, bebem, dirigem... Torna-se indispensável ter o celular de última geração, o automóvel com as linhas mais arrojadas e o computador com o processador mais rápido, ainda que o consumidor vá usar o novo telefone apenas para fazer e receber ligações de modo usual, deslocar-se do ponto A ao ponto B pela mesma rota do carro "velho" ou manter os mesmos hábitos de utilização do pc "obsoleto". Em um mundo com internet rápida, incontáveis canais disponíveis nas telas de tvs de dezenas de polegadas, reuniões conduzidas por tele-conferências, alimentos geneticamente modificados e pesquisas com células-tronco, um número gritante destes mesmos seres humanos abriga-se como pode sob viadutos, come restos, definha doente e morre sem qualquer acesso a tudo o que é vendido como natural. É como se o fato de eu estar digitando este texto e posteriormente enviá-lo sem fio para a rede mundial de computadores, ao mesmo tempo que em frente à minha residência alguém revira o lixo em busca das minhas sobras devesse ser encarado apenas como uma fatalidade ou, mais grave ainda, precisasse ser ignorado. Alguém ainda não se perguntou o porquê de tamanha discrepância numa sociedade na qual alguns abrem sua garrafa de água mineral enquanto outros sucumbem doentes, vítimas da ingestão de água sem condições de consumo? Tal questionamento me faz pensar que nos planejamentos anuais dos currículos escolares até se menciona a problemática da poluição e da contaminação das águas, mas que raramente - ou nunca - se promove alguma pesquisa profunda a respeito dos efeitos nocivos do uso de água não potável, com o objetivo de motivar a comunidade escolar na busca de solução de problemas advindos da carência de recursos mínimos para uma vida digna.

Mas com o intuito de bem encerrar esta breve reflexão, reporto-me ao final da década de 1990, quando então era diretor de uma escola e ouvi de uma professora de educação física que nós deveríamos cortar todas as árvores ao redor da quadra, pois "elas somente serviam para os alunos subirem e perturbarem o andamento da aula." Todos os meus argumentos iniciais, comentando acerca dos animais que nelas buscavam alimento (insetos, pássaros, etc) foram em vão. Apelando para argumentos utilitários, citei a sombra que elas ofereciam para todos os que estavam no pátio; igualmente não a demovi de ligar para uma determinada secretaria do Município e solicitar o corte ela mesma. As árvores não foram cortadas porque precisei determinar, com os demais segmentos da escola, que elas permaneceriam. Mas uso este exemplo porque certamente ele ilustra a forma como o ser humano se aparta da natureza, tornando-a objeto de seu desfrute.

Sem qualquer dúvida é urgente repensar nosso planejamento em nossas escolas, de modo que desconstruamos peças publicitárias enganosas, insidiosas e má-formadoras de futuros pais, mães, proessores, arquitetos, jornalistas, entre outros profissionais, promovendo uma cultura de hegemonia do homem para com a natureza, respeitando-a e nela se enxergando enquanto elemento dependente de todos os processos inerentes aos diferentes ecossistemas.