segunda-feira, 14 de abril de 2008

Negativo não?



Talvez seja um tabu: números menores que zero nos anos iniciais do ensino fundamental não existem! Lembro que uma professora, quando eu ainda era aluno de 4ª série, que nos convidava a criarmos nossos própiros problemas matemáticos e a apresentar a solução. Ainda que a professora fosse uma progressista para a época, por volta de 1977, não aceitava se apresentássemos qualquer proposta cuja resposta fosse um número negativo. Lembro que ela dizia que "aquele número não poderia aparecer" em nossos problemas. Estranho isso, quase anacrônico, pois praticamente qualquer criança já ouviu algum de seus responsáveis comentar que está devendo ou que o saldo está negativo. Talvez ainda não entenda o que significa, mas não seria este o momento de trabalharmos uma educação financeira com nossos alunos?

Na história de matemática, encontraremos matemáticos europeus nos séculos XVI e XVII que não aceitavam os números negativos como resposta, considerando-os errados ou impossíveis quando apareciam em seus próprios cálculos. Os números já foram chamados de "números absurdos" e "números fictícios", até o século XVIII, "quando foi descoberta uma interpretação geométrica dos números positivos e negativos como sendo segmentos de direções opostas."

Nas salas de aula, toda a criança acha fácil calcular 2 + 3 usando seus dedos.
Mas como calcular 2 - 3 ? 

De acordo com a revista Nova Escola de Junho de 2000, a professoraLeda Maria Bastoni Talavera, do Colégio Campos Salles, de São Paulo, utiliza para tanto uma régua operatória, a qual constrói com seus alunos.

Feita de cartolina, ela é formada por duas retas numéricas que vão do —9 ao 9 e se movem para a direita e para a esquerda, permitindo resolver somas e subtrações. "Movimentando as escalas, o estudante compreende cada passo da operação e chega mais facilmente ao resultado", explica Leda.

A régua, construída pelos próprios alunos, é utilizada apenas nas duas primeiras aulas em que o assunto é abordado. "Depois que eles entendem o raciocínio acabam deixando o material de lado e fazem, sem dificuldade, até as contas com valores maiores."

Para a professora Ruth Ribas Itacarambi, membro do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática, da Universidade de São Paulo, a régua operatória é uma ferramenta interessante por permitir a aprendizagem sem lápis nem caderno. "Quando manipula as lâminas, o jovem vê os componentes do cálculo de maneira concreta, prática sugerida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais", afirma. (Nova Escola)

A imagem acima mostra a régua criada pela professora.







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