segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Políticas Públicas e Gestão da Educação



A leitura do artigo de Vera Maria Vidal Peroni acerca das políticas públicas e gestão da educação em tempos de redefinição do papel do Estado, propõe uma reflexão quanto ao que entendemos como relação sociedade X Estado X políticas públicas, construída pela corrente neoliberal em nosso País a partir do final do Século XX.


No Brasil, semeia-se desde então o pensamento de que o Estado é o culpado por qualquer crise que se apresente – social, econômica, etc - supostamente por haver investido demais em políticas sociais e tomado para si o papel de atender às urgências. Responsabilidades transferidas para a sociedade civil, pinta-se um quadro no qual lutar pelos direitos coletivos passa a ser visto como um ato contra os interesses da nação. Não raro, toda associação para fazer valer acordos ou com o intuito de alertar a sociedade para o descumprimento de algum direito, ganha ares de oposição ao governo ou, pior, “baderna” nas páginas de jornal e mídias eletrônicas de comunicação. Ainda sob esta mesma ótica neoliberal, os investimentos sociais, os movimentos e os funcionários públicos tornam-se os vilões das conquistas econômicas. O que vemos é um Estado pífio para as políticas públicas e um Estado extremamente comprometido com as políticas de mercado.


As políticas sociais habitam muito mais o terreno da oratória vazia, pois se perdeu o foco quanto às demandas e à concretização de medidas que revertam um quadro indesejado. Como outra estratégia neoliberal, o terceiro setor estimula a filantropia e o trabalho voluntário na sociedade civil, possibilitando destinar para a esfera financeira o dinheiro de impostos que deveriam ir para as políticas públicas (educação, saúde, etc), ainda que sejam socialmente louváveis a filantropia e o voluntariado.


E a escola em meio a tudo isso? A escola sempre foi pensada para aqueles que tem estabilidade social e econômica, assim como o acesso aos bens culturais. Nossa grande demanda é construir uma escola que acolha, principalmente, os sujeitos de um cotidiano vulnerável em todos os aspectos. Contudo, antes de qualquer nova proposta de ação, o professor precisa entender as práticas políticas não apenas em micro-escala, mas erguendo seu olhar a uma escala mundial. Urge repensar nossa participação cotidiana, não somente a cada período eleitoral, em nossa sociedade. Ao tomar consciência do seu papel, não apenas o professor, mas todo o cidadão torna-se sujeito de avaliação, controle, aprovação e veto ao governo, deixando no passado uma postura apática frente às demandas que se fazem presentes.

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