domingo, 11 de maio de 2008

Pedagogia da Autonomia



Paulo Freire afirma que ensinar é criar possibilidades para a construção do conhecimento. Sob a ótica de Freire, o professor é mediador, não aquele que transmite o que conhece aos seus alunos.

Ao trabalhar com o componente curricular de Língua Estrangeira, percebo que os alunos somente aprendem a usá-la ao passo que podem experimentá-la em situações relacionáveis com seu dia-a-dia. Qualquer insistência que não corrobore uma adequação ao cotidiano do educando - suas músicas, os produtos que conhecem, os objetos que lhes são familiares - estará fadada ao tédio e à decoreba pura e vazia.

Este parágrafo acima faz-me pensar acerca do que Paulo Freire diz sobre a impossibilidade de nos tornarmos seres finitos, que não necessitem de lapidação, o que ele chama de acabamento (página 23). Imprescindível crer que somos eternamente seres em processo de acabamento, pois em lugar de nos entristecer, essa impossibilidade de se chegar a um ponto final de nossa construção do conhecimento arremessa-nos sempre para frente, de forma que reflitamos sobre antigas certezas, as quais percebemos serem frágeis à medida que nos aprofundamos em pesquisa e experimentação. Partimos do que nos é familiar rumo ao novo e que desperta nossa sede de conhecer.

Aquele que almeja tornar-se sujeito da História não pode prescindir do desejo do saber. Desejar o saber e criar situações de aprendizagem é responsabilidade tanto do indivíduo quanto da coletividade. Contudo, é improvável a elaboração de novas sinapses do conhecimento sem que o indivíduo para tal se motive.

Acredito que ao professor caiba o cultivo da curiosidade natural dos seres humanos, incluindo aqui diretamente seus alunos em minha reflexão. É a partir da curiosidade destes que o educador pode transformá-la em motivação para o aprendizado. Freire afirma que quem castra a curiosidade do educando não forma, mas domestica.

Em meu webfólio postei maiores reflexões a respeito da obra de Freire - Pedagogia da Autonomia.

2 comentários:

Geny disse...

Paulo lendo atentamente a atividade 4 "Leitura – "Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire" confesso que gostaria de ter mais tempo para apreciar melhor esse importante documentário que fizeste, fazendo um paralelo com seus alunos de EJA. O texto apresenta clareza, leveza e boniteza em suas colocações, como diz Paulo Freire. Quando se refere à falta de auto-estima dos alunos, é uma realidade que vivenciamos com alunos do EJA. Em primeiro lugar é uma questão de cultura, onde não é valorizado o trabalho mais simples, porém tão necessário que não sobrevivemos sem esses trabalhos, no caso cozinheiro, hoje devemos considerar uma profissão, o alimento é tão importante ou mais importante do que o remédio. "Teu alimento é teu remédio, teu remédio é teu alimento." e junto vem a higiene que se faz necessário tanto quanto cozinhar e assim por diante, o soldador é uma grande profissão. Então falta de consciência crítica... de valorizar-se. Tu bem sabes que em Países de primeiro mundo temos lixeiros com faculdade. A sensibilidade de Paulo Freire nos leva a respeitar, a pensar, dialogar e ter coragem de mudar, o que nossos alunos do EJA consideram pejorativo, tentarmos levar um olhar diferente, valorização de si mesmo e assim levantar sua auto-estima. Sei que não é fácil, já passei por situações semelhantes, onde temos alunos e alunas que trabalha duro para no fim do mês ou sim da semana ou fim do dia receber um salário que não dá para cobrir as necessidades básicas para viver com dignidade. Então fico a pensar e não chego a uma resposta pronta. Só sei que têm muitos com quase nada e poucos com tudo para esbanjarem e viverem ricamente. Chego à triste conclusão, em minha opinião, enquanto nosso país ficar como prioridade só no discurso: educação, saúde e segurança, as coisas vão continuar como estão, mas temos que fazer a nossa parte, para não sermos omissos com o nosso dever de Educador.
Paulo nessa leitura relâmpago que fiz do texto, não me canso, de dizer que sinto orgulho de tê-lo como nosso aluno e colega, você realmente é um excelente educador e teus relatos são de extrema importância, parabéns!
Um grande abraço,
Geny Schwartz da Silva
Tutora Seminário Integrador IV
PEAD/FACED/UFRGS

Luciene Rochael disse...

Oi, Paulo.

Belíssimo texto. Seu blog é muito interessante. Sou psicóloga com grande interesse em Educação. Parabéns!

Abraço, Luciene.