domingo, 11 de maio de 2008

A música e o tempo



Em uma atividade da interdisciplina de Estudos Sociais, somos convidados a postar em nosso portfólio músicas e poemas sobre o tempo, destacando em que aspectos elas nos fazem pensar... Meus comentários pessoais seguem ao final de cada letra.

Não Tenho Tempo - Zeca Baleiro

Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em rancas nuvens
Eu não vou passar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Eu tenho um sapato
Eu tenho um sapato branco
Eu tenho um cavalo
Eu tenho um cavalo branco
E um riso, um riso amarelo
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ouvir cantar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ver chorar (2x)
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
E eu não sei voar


Zeca Baleiro canta o cotidano de um cidadão apressado, abraçado a um frenessi de compromissos aparentemente inadiáveis. Um cidadão que sequer pode permitir-se sorrir, interagir, pois afirma não ter tempo sequer de ver-se chorar quando, por fim, entende que não sabe tirar os pés do chão que o condiciona.

RadioCoca - Tempo

Sinto falta daqueles dias, Que o tempo levou embora.
Aqueles dias de verão... Os momentos inesquecíveis ficaram na memória.
Todos aqueles sentimentos que consumiram nossas mentes e invadiram nossos sonhos...
Viva apenas o presente; deixe o passado para trás. As coisas que magoaram já não importam mais. Seu futuro só depende, só depende de você.
Sinto falta daqueles dias quando tudo dava certo. Meus sonhos acabaram no instante que você me deixou. Por mais que eu tente esquecer a dor de uma decepção, só consigo pensar em alguém E esse alguém é você...

Essa composição é um flagrante de saudosismo, quando o autor olha para o passado e acredita que tudo já foi melhor. Contudo, na mesma letra ele convida o ouvite a abandonar o passado, instigando-nos a viver apenas o presente. De qualquer modo, para o autor, seus sonhos, ou seja, seus objetivos foram todos sepultados com a dor de uma decepção, de uma partida de alguém, visto que ele não tem qualquer sucesso em continuar sua caminhada sem aquele (a) que amou. Uma letra cheia de contradições, bem fruto de nosso... tempo!

Tempo Perdido - Legião Urbana
Composição: Renato Russo
Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem! Selvagem!...
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhosCastanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!...

A música da Legião Urbana levou milhares de jovens dos anos 80 (eu inclusive) aos estádios, teatros e ginásios para suas inesquecíveis apresentações. Hoje, mais de 20 anos tendo se passado, percebo que algumas músicas soam datadas - o tempo passou e não perdoou tais canções. Entretanto, grande maioria das músicas compostas por Renato Russo permanecem atuais, ainda tocando em nossos corações de forma profunda e arrebatadora. Não raro fãs se emocionam quando escutam Tempo Perdido - uma letra que nos faz acreditar ser possível construir nossa própria trajetória, e que todo o tempo empregado na realização de nossos sonhos não foi tempo perdido, ainda que estes porventura não se realizem.

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