segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Eixo VIII – Estágio Docente – Reflexão

 

Penso que o estágio iniciou por um viés que deveria ser a tônica do planejamento de todo professor a cada novo ano letivo: conhecer seus alunos de antemão e a partir do momento de cada um deles estabelecer os objetivos a serem alcançados.

 

As avaliações recebidas dos alunos e pais, além do feedback diário da equipe diretiva, fazem crer que as aulas foram, usando termos dos próprios alunos, “legais, interessantes” e, de acordo com o setor pedagógico da Escola, motivadoras. Estou certo de que uma receita para o sucesso de uma empreitada pedagógica não se aplique e, talvez, sequer exista. Contudo, a atenção a determinados itens concorre definitivamente para que todos os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem percebam-se agentes desta caminhada. Contudo, certas observações podem ser feitas sem qualquer probabilidade de se incorrer em equívoco: pensar o planejamento a partir do que é relevante para os alunos e buscar estratégias e recursos que tornem o conteúdo a ser trabalhado tão “saboroso” quanto a mais prazerosa brincadeira. Paulo Freire apontava para a importância do trabalho a partir de temas que fossem significativos para os educandos. Assim, menor importância adquire a transmissão de conteúdos específicos quando pensamos na relevância de se trazer para a escola experiências já vividas e delas partir para a sistematização da aprendizagem.

 

Tornar o aluno sujeito ativo e engajado na construção do conhecimento é primordial para que se efetive uma prática pedagógica na qual todos os atores envolvidos no processo se beneficiam. Indispensável se faz criar com os discentes uma atmosfera em que o processo de ensino-aprendizagem se dê através da dialogicidade do ato educativo. Para Freire, o diálogo é o alicerce da própria pedagogia. “A atitude dialógica é, antes de tudo, uma atitude de amor, humildade e fé nos homens, no seu poder de fazer e de refazer, de criar e de recriar”. (FREIRE, 1987:81).

 

A fim de bem estabelecer um contrato em parceria entre docentes e discentes, podemos despir-nos do modelo cartesiano de pensar e ver o mundo ao redor. Assumamos a verdade mais profunda: penso, existo, existimos; logo, interajo. Neste sentido, olhar para cada aluno a partir da ótica de Maturana acerca do que seja amar, aceitando “... o outro como legítimo outro...” torna-se, definitivamente, o viés do próprio magistério, uma escolha que demanda ignorar o próprio ego, colocando o bem-estar e as necessidades alheias em primeiro lugar, possibilitando ao aluno ser plenamente, em detrimento de “ensiná-lo” a ser, oferecendo-lhe, por sua vez, um rico espaço para que possa desenvolver-se.

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