segunda-feira, 9 de novembro de 2009

* Magdalena, Costa, Freire e o P.A. *




Durante anos fui avesso ao trabalho em grupo. Bastava algum professor, nos idos do meu ensino fundamental ou ainda do ensino médio, insinuar um trabalho que não fosse individual para que eu me esquivasse. Ficava, em segredo, torcendo para não ser escolhido por grupo algum e, quem sabe a sorte sorrisse, tivesse concedido o desejo de empreender qualquer movimento de investigação de forma totalmente solitária.

O trabalho em grupo exige que cada integrante trabalhe não apenas a partir do que já apreendeu, mas preferencialmente sob a égide da humildade, da paciência e da aceitação do outro em um espaço físico que será sempre demasiado próximo para o aluno avesso à técnica do trabalho em equipe.

Ainda que presuma ser possível fazer um bom trabalho apenas sozinho e que estaria mais apropriado de um determinado tema de pesquisa que seus pares, um bom grupo de estudos provavelmente proporcionará a este mesmo aluno oportunidade de repensar seus paradigmas a respeito do trabalho colaborativo. Neste modelo de trabalho, faz-se indispensável a constante comunicação e interação entre os membros de um grupo por meio de "trocas, socialização de resultados, mesmo que ainda parciais, em busca de feedback de colegas e/ou professores, transformando o PA em um trabalho em rede." (MAGDALENA e COSTA, 2003).

Nossa postura passará, paulatinamente, a ser mais de aprendiz. Aquele que desenvolve um trabalho sozinho faz as vezes de um autodidata. O que desenvolve o trabalho com seus pares faz valer a afirmação de Freire – os homens educam entre si – quando nos lembra que somos mediatizados pelo nosso entorno e, no contexto desta postagem, o viés de nossa reflexão é o PA que nos aproxima e enriquece.

Os diferentes pontos de vista são provocadores na medida em que nos desacomodam, nos tiram da zona de conforto de nossos pensamentos já forjados e assentados em nossos cotidianos. O novo é o que o outro nos traz, geralmente não sem conflitos, mas via de regra gerador de aprendizagem. E toda esta magnífica proposta de construção de conhecimento cá está não para ser pensada enquanto uma técnica, mas o próprio fio condutor de nossa práxis ao longo do ano letivo, seja o nosso aluno a criança da Educação Infantil, os alunos das séries iniciais e das demais séries do ensino fundamental ou o educando de EJA.

O Projeto de Aprendizagens é para todos, sem distinção. No caso das crianças, o público-alvo em número mais expressivo entre os alunos do PEAD, Magdalena e Costa são assertivas: "A experiência pode não ser profunda ou suficientemente extensa, a potencialidade dos seus pensamentos pode ser insuficiente para formular o que nós chamamos de uma teoria científica, mas o processo pelo qual as crianças observam o entorno, formulam perguntas, buscam respostas e desenvolvem seus entendimentos e explicações para o que observam é muito semelhante ao processo de investigação científica." (MAGDALENA e COSTA, 2003).


Referências:

Pedagogia do Oprimido. 9 ed., Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra. 1981, p.79


COSTA, Iris Elisabeth Tempel, MAGDALENA, Beatriz Corso. Revisitando os Projetos de Aprendizagem, em tempos de web 2.0. Faculdade de Educação/PEAD - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)


2 comentários:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Paulo penso que o trabalho em equipe é muito importante, pois desenvolve a cooperação e a prendizagem coletiva. O que você pensa sobre isso? Abraços

Paulo disse...

Olá Patrícia, tudo bem?

Na postagem em questão acredito que tenha ficado evidente minha posição favorável ao trabalho em equipe. Ou estarei equivocado?

Abraços.