sexta-feira, 4 de setembro de 2009

* Educação de Jovens e Adultos *

Como professor de EJA desde 2003, observo que a educação continuada é indispensável àqueles que optaram por auxiliar os alunos que se inscrevem no ensino público noturno. A EJA é diferenciada das demais modalidades de ensino posto que trabalha com indivíduos que tiveram negado o direito de dar prosseguimento aos seus anos escolares em função de diversos fatores, dois quais destaco dois:

1. Quando nosso olhar é direcionado ao jovem aluno de EJA, percebemos temos um aluno que foi, numa flagrante maioria, excluído de classes "regulares" em função de uma avaliação unilateral, a qual afirma ter este mesmo jovem uma postura inadequada no cotidiano escolar. Não raro este mesmo aluno destaca-se na EJA por um viés oposto ao que determinou seu encaminhamento arbitrário, demonstrando não apenas um rendimento superior como um relacionamento professor-aluno e entre seus pares explicitamente enriquecedor.

2. Ao pensarmos o aluno adulto, percebemos que sua exclusão deu-se pela necessidade de atender inquestionáveis necessidades financeiras do seu núcleo familiar quando ainda bastante jovens. Grande parte dos adultos retornam nas séries iniciais do ensino fundamental, o que atesta a irresponsabilidade governista ao longo das últimas décadas.

Parece-nos que, não importa o quanto regressemos em uma linha de tempo, encontramos governos a adotar uma postura alheia a um encargo que é seu, principalmente quando os envolvidos pertencem as camadas menos favorecidas. As diferenças indecentes de renda e, conseqüentemente, dos padrões de vida, resultado de investimentos quase que exclusivos no plano econômico, inevitavelmente resulta em um detrimento do atendimento às necessidades de nosso sistema de ensino.

Desta forma, trabalhar com o aluno de EJA é estar a seu lado, acreditando que a construção do conhecimento de cada um “constitui-se fator preponderante para o resgate da autoconfiança, indispensável na aprendizagem, porém desacreditada e marginalizada, ao longo de praticamente todas as suas experiências, junto à uma sociedade letrada.”( Terezinha Fuck, 2003, p. 92) A escola não pode se furtar do papel que tem em relação a este aluno que a vê como uma última e derradeira esperança de acolhimento.

Referência Bibliográfica:

FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos: Relato de uma experiência construtivista. 10ª edição. Editora Vozes. 2003.

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Pois é Paulo... trabalhar com EJA exige algumas caracteristicas e competências do professor. Saber incentivar o pensamento crítico, trabalhando com a intervenção para a formação de aprendizagens. Fazer boas perguntas e provocar o aluno na busca de conhecimento. Abraços querido!!