segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O cotidiano e a teoria caminham juntos...


Exatamente uma semana ausente do portfólio - foi o tempo necessário para perceber que a teoria caminha de braços dados com o cotidiano familiar. Refiro-me ao trabalho de Psicologia da Vida Adulta sobre Depressão e a um momento bastante delicado que vêm bater à porta de nossa família, digo, da minha própria família: estou com um ente querido em estado de depressão severa.


É muito fácil (e prático), porém irresponsável e cruel, exasperar-se com alguém que se encontra deprimido. É muito melhor estarmos ao lado daquela pessoa que nos faz sorrir, com a qual podemos passar horas e horas de uma troca agradável de idéias saudáveis acerca dos mais diversos assuntos. Definitivamente, não ocorre o mesmo quando essa mesma pessoa deixa de sorrir, adquirindo um semblante vago, um olhar sem qualquer brilho, exceto aquele das lágrimas que insistem em retornar a todo instante.


O trabalho de Psicologia tem-me estimulado a ler muito a respeito dos sintomas, causas, e tratamento da depressão. E duas são as imagens que me vem ao pensamento quando o assunto é depressão: a pessoa de Van Gogh e o quadro de Much - O Grito. A obra que ilustra esta postagem simboliza a angústia e o desespero existencial ao pôr-do-sol. Para o paciente de depressão (eu prefiro o termo "vítima de depressão"), a vida parece estar agarrada a seu próprio ocaso, como se uma permanente sensação de ruptura estivesse presente nos momentos de alguma lucidez, mais raros na medida em que a doença se agrava.


De acordo com o Houaiss, depressão é um "estado de desencorajamento, de perda de interesse, que sobrevém, p.ex., após perdas, decepções, fracassos, estresse físico e/ou psíquico, no momento em que o indivíduo toma consciência do sofrimento ou da solidão em que se encontra."

A depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente de apenas sentir-se bem ou mal ou, como comumente ouvimos, experimentar um "alto ou baixo astral": é uma doença e, como tal, exige tratamento. Ela altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.

Tudo isso vira "de cabeça para baixo" o cotidiano de uma família com uma vítima de tão terrível doença. Algumas pessoas dizem que têm seus próprios afazeres, outras que apenas não sabem o que fazer,... e raros são aqueles que se dispõem a permanecer próximo de quem, exatamente neste triste momento de sua vida, mais precisa de compreensão, de apoio e de uma aparente eterna paciência, de tato,... enfim, de amor.

Neste instante, minha maior aprendizagem tem sido tanto reorganizar meu dia-a-dia em função de uma demanda com a qual eu não contava quanto interagir com o mesmo zelo que dispensaria a esta pessoa, caso ela tivesse condições de me oferecer mais do que um olhar que suplica por qualquer coisa, exceto indiferença.

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