sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Imagine - Glee - Mensagem final de 2009



A série Glee, exibida na Fox e Fox HD, tornou-se uma das minhas favoritas desde o início. Quando vi o primeiro capítulo, sabia que acompanharia todos. Pois eis que o diretor preparou uma surpresa para todos aqueles que acompanham a série e que, como eu, se envolvem com as inúmeras tramas paralelas que ocorrem ao longo dos 50 minutos: uma apresentação de Imagine no Glee Club.

Quem acompanha Glee sabe que todos têm significativo e importante espaço. Assim, estão presentes personagens negros, gays, latinos, cadeirantes, entre outros das chamadas minorias. Pois Glee novamente nos convida a tomar o trem da história e dos novos tempos e traz este número, no mínimo, comovente.

Ao longo do 2º semestre tivemos a grata surpresa de conhecer uma pessoa tão maravilhosa como a professora Carolina, a qual nos encantou e motivou a desenvolvermos um novo olhar para com o sujeito surdo. E em um mundo que flagrantemente não é feito para os "diferentes", ver e ouvir Imagine interpretada de maneira tão pouco usual nos faz acreditar que pode e deve ser para todos.

Um Feliz Natal e um 2010 de muitas superações pessoais.

Imagine there's no heaven
Imagine não haver o paraíso
It's easy if you try
É fácil se você tentar
No hell below us
Nem inferno abaixo de nós
Above us only sky
Acima de nós, só o céu
Imagine all the people
Imagine todas as pessoas
Living for today
Viver por hoje
Imagine there's no countries
Imagine não haver nenhum país
It isn't hard to do
Não é difícil imaginar
Nothing to kill or die for
Nenhum motivo para matar ou morrer
And no religion too
E nem religião, também
Imagine all the people
Imagine todas as pessoas
Living life in peace
Vivendo a vida em paz
You may say I'm a dreamer
Você pode dizer que eu sou um sonhador
But I'm not only one
Mas eu não sou o único
I hope some day you'll join us
Espero que um dia você se junte a nós
And the world will be as one
E o mundo viverá (será) como um só
Imagine no possessions
Imagine não haver posses
I wonder if you can
Eu me pergunto se você consegue
No need for greed or hunger
Sem a necessidade de ganância ou fome
A Brotherhood of man
Uma irmandade dos homens
Imagine all the people
Imagine todas as pessoas
Sharing all the world
Partilhando todo o Mundo
You may say I'm a dreamer
Você pode dizer que eu sou um sonhador
But I'm not only one
Mas eu não sou o único
I hope some day you'll join us
Espero que um dia você se junte a nós
And the world will be as one
E o mundo viverá (será) como um só

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

TCC na Pedagogia presencial

Noite de apresentação dos TCCs de alunos da Pedagogia presencial da UFRGS. Os assuntos foram vários, todos interessantes. Contudo, para efeito de postagem, destacarei dois que mais chamaram minha atenção: formação de limites e doenças do magistério.

A aluna que apresentou seu TCC com o tema da formação dos limites na criança da educação infantil destacou duas categorias:

a) A professora 1, lecionando em escola particular, em uma turma de 8 alunos;
b) A professora 2, lecionando em escola pública da rede municipal de POA, em uma turma de 23 alunos.

Ficou evidente as disparidades na condução de um dia de atividades nas duas turmas retratadas no TCC. Enquanto a professora 1 mostrava-se relutante em permitir aos alunos qualquer experiência de organização cooperativa ao longo das atividades, a professora 2 promovia, justamente, um trabalho que envolvia e solicitava o compromisso de todos. Permito-me especular se não seria a postura adotada pela professora 1 resultado de estar ciente que a aluna que a observava desenvolvia um trabalho sobre limites. Convenhamos: não é fácil para alguns professores separar limites de cerceamento da livre expressão dos alunos. Talvez fosse um viés a pensar, mas o objetivo do TCC não era este.

O segundo trabalho trouxe o professor adoecido em um ambiente doente. A aluna nos trouxe mais informações sobre a Síndrome de Burnout, uma doença resultante do estresse do profissional do magistério, entre outros. Esta síndrome é causada por circunstâncias relativas às atividades profissionais, ocasionando sintomas físicos, comportamentais, afetivos e cognitivos. Inicialmente foi observada em trabalhadores da área da saúde que desempenham uma função assistencial, caracterizada por um estado de atenção intenso e prolongado com pessoas em situação de necessidade e dependência. Com o passar do tempo, pôde ser identificada em outras profissões, entre elas a de professor.

O que leva o professor a desenvolver a síndrome de Burnout? Comprovadamente a indisciplina em sala de aula, as cobranças por resultados positivos apesar da postura avessa dos alunos aos estudos, o assédio moral por parte de colegas, alunos, pais, entre outras causas.

Percebo que nada se faz nas nossas escolas quanto aos problemas de saúde do professor. O que vemos é o profissional tratando de sua doença, mas a retornar para o elemento desencadeador da mesma tão logo se sinta relativamente recuperado. Ou seja, trata-se o paciente mas não se ataca o causador, permitindo-se que este ciclo jamais se encerre.

Referências:

Site Universia Online, Docente. Acessível em<
http://www.universia.com.br/docente/materia.jsp?materia=5750>Acessado em 09 de dezembro de 2009.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Aprendizagens significativas, momentos inestimáveis

Aula com utilização de data show e internet. Os alunos aprovam completamente o emprego de tais recursos. Nesta aula, estávamos trabalhando com fontes de energia. Tudo o que conversávamos e líamos acerca do tema, era ilustrado magnificamente com vídeos disponibilizados na web. Sempre que um vídeo ilustrava um novo assunto, era possível ouvir expressões como "agora eu entendi".


Nesta imagem, os alunos vêem a representação através de desenhos do caminho da energia elétrica até nossos lares a partir de uma usina hidroelétrica. Logo em seguida, assistiam os vídeos no telão. Por fim, em duplas, eles próprios ligavam os computadores e acessavam a web em busca de informações que julgassem relevantes para o estudo do tema.


Nesta imagem, os alunos de EJA esclarecem, em grupo, dúvidas que precisam ser sanadas antes de prosseguir a pesquisa sobre o tema "Consumo" - tema transversal em Língua Inglesa.



Um grande momento dos meus alunos do 4º ano: ficaram em 1º lugar no campeonato de futebol da nossa Escola.
São momentos tão significativos que cada aluno está ansioso para receber um cd com todas as fotos, por ocasião da entrega dos pareceres finais deste ano letivo. Certamente eles verão as mais de duas centenas de fotos que foram capturadas ao longo do ano letivo, enquanto desenvolviam diferentes atividades - jogos, artes, dança, teatro, matemática, leitura, hora cívica, momento da limpeza, etc - muitas e muitas vezes, realimentando vários aspectos positivos de fazer parte de um grupo ao longo de três trimestres.

* Avaliação *



A avaliação da aprendizagem de sua turma é ao longo do processo? Ou esta se dá pontualmente, de tempos em tempos? A despeito da resposta para a questão acima, avaliar é sempre uma questão que suscita reflexões necessárias.

Penso que primeiramente devemos pensar em nosso público – o aluno das séries iniciais. A criança, ao entrar na escola, experimenta uma atmosfera na qual o conhecimento passa a ser sistematizado. Até o momento, todo o conhecimento se dava de forma espontânea; agora, ocorre de acordo com um planejamento do qual ela não participara e dentro de regras que ela não construíra. Dado seu estágio, de acordo com Piaget, esta mesma criança estará mais centrada em si mesma do que à escola, ainda que a aceite – por conveniência (por representar um espaço que possibilita formar novos círculos de amigos) ou pela necessidade de desenvolver uma certa autonomia, a qual o seio familiar via de regra acaba usurpando-a de gozar.

Esta é a criança que se vê diante de uma prova, um teste, uma verificação,... não importa o nome que é conferido a um conjunto de atividades em uma folha de papel – definitivamente, para a criança, ela será submetida a um instrumento que separará os aptos dos inaptos.

O que o aluno percebe é que sua aprendizagem será avaliada conforme um escore, o qual mais alto será quanto mais suas respostas se aproximarem de uma norma vigente.

O ideal é que se ampare a avaliação sob uma ótica qualitativa, levando-se em conta a apreensão dos conhecimentos e sua aplicabilidade, reduzindo progressivamente uma eventual lacuna que separe a esfera pedagógica (escola) da esfera social (o cotidiano nas ruas, nas lojas, na família, etc) no que se tange os aspectos cognitivos.

Perrenoud (1999) evidencia que a avaliação é fonte de hierarquias de excelência. Para o autor, estabelecendo-se tal hierarquia decidirá o papel do aluno na sociedade e sua entrada no mercado de trabalho.

Segundo Teresa Esteban, a avaliação deverá desapegar-se da necessidade de julgar a aprendizagem do aluno e passar a "servir como modelo capaz de revelar o que o aluno já sabe, os caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento, o que o aluno não sabe, o que pode vir a saber, o que é potencializado e revelado em seu processo, suas possibilidades de avanço e suas necessidades para superação, sempre transitória do saber.”


Referências bilbiográficas:

PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 183 p.
ESTEBAN, M. T. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas em diferentes áreas do currículo. SILVA, Jansen Felipe; HOFFMAN, Jussara. ESTEBAN, Maria Teresa (Org,). Porto Alegre: Mediação, 2003, p. 33 a 44

domingo, 6 de dezembro de 2009

* Nossa fala é nossa? *



Montessourianos; tradicionais; tecnicistas; libertadores; críticos-sociais; piagetianos; construtivistas,... Onde nos encontramos? Ou onde nos encaixaram? O que alardeamos ser? Quando repetimos palavras deste ou daquele autor que conhecemos minutos atrás... É assim que pensamos todos os educadores? É realmente nestas palavras que acreditamos porque percebemos que são defendidas ou por que são um espelho de nossa praxis? Quando percebemos alguém exultante em função das teorias deste ou daquele estudioso, compartilhamos genuinamente de tal entusiasmo ou não detemos argumentos suficientes para defender uma postura distinta? No que acreditamos afinal: que é preciso ser isso ou aquilo (libertador, tradicional, construtivista,...) ou que, a despeito da bandeira que erguemos, nosso planejamento deverá possibilitar ao aluno tornar-se um sujeito melhor ao final de um ano letivo.

Contexto: cotidiano escolar do século XXI. Definitivamente, o discurso é outro quando comparamos aos primeiros anos de exercício do magistério (desde que tenhamos, no mínimo, uma década e meia de sala de aula). A ótica em relação à escola mudou. A escola brasileira não segue os mesmos princípios nos quais nossa educação fora construída junto ao seio familiar e, obviamente, em nossos tempos de educandos. E o que se ouve nos bastidores, ou seja, nas salas dos professores? Que muitas destas mudanças não são bem-vindas. A bem da verdade, sequer apreciamos certos vocábulos utilizados em situações cotidianas de nossa prática pedagógica quando percebemos a que servem.

Estive em uma confraternização familiar dias atrás, sendo eu o único professor entre cerca de vinte pessoas das mais variadas idades. Depois de conversarem sobre quanto tempo se passou desde a última vez que se encontraram, estas mesmas pessoas brindaram-me, sem qualquer aviso, com seu olhar particular sobre a educação brasileira. Cada pai, mãe, avó ou avó ao redor de uma imensa mesa relatava seus dissabores com a escola dos seus pequenos. Em momento algum qualquer elogio teve espaço. Tudo o que eu ouvia eram falas descontentes com os desmandos dentro das salas de aula, com o nível pífio de aprendizagem dos alunos e o flagrante despreparo deles para situações que a escola confere menor importância em sua práxis, ainda que burocraticamente se registre o contrário: conteúdos.
A respeito destes, Pedro (todos os nomes foram modificados por razões éticas), 52 anos, lembra: “Quando eu estava na escola, a gente tinha que aprender coisas que hoje as crianças não vêem mais. E olho todos os dias o caderno do Flavinho e tem sempre pouca coisa.”

Maria, com 56 anos, fala de avaliação do aprendizado: “Minha filha está preocupada, porque ela nota que a minha neta não sabe muita coisa, nem tabuada. Mas a menina nunca ficou em recuperação nem foi reprovada. Dizem que nem existe mais a recuperação e que agora os alunos passam de um ano para outro sem correr o risco de rodar.”

Um pai mais novo, Leandro, com 36 anos, mostrou-se aturdido com a decisão da escola em que estuda sua filha de 9 anos. A menina foi agredida por duas colegas no intervalo, chegando em casa assustada e não mais desejando retornar no dia seguinte para a escola. O pai procurou a direção para saber das providências que seriam tomadas em relação as outras duas meninas. O que ele ouviu o deixou furioso: “Nós já fizemos um acordo com as duas meninas e elas se comprometeram a não mais agir deste modo.” Leandro, enquanto narrava a história, estava realmente estupefato, destacando palavras ao final: “Fizemos um acordo? Se comprometeram? Agir deste modo? Minha filha chegou em casa com hematomas e a direção faz um acordo?” Ele relatou que não só vai entrar com um processo contra a escola quanto em relação aos pais das outras duas meninas, e que sua filha não mais estudará naquela escola. E encerrou dizendo que em seu tempo, “eles davam uma suspensão para quem fazia uma coisa dessas e até expulsavam quando era grave. Agora fazem um... que é isso... acordo? Até parece que estão decidindo quem faz o que em uma peça de teatro.”

É muito interessante quando deixamos nosso universo profissional cotidiano – a escola – e ouvimos daqueles que têm expectativas quanto a construção do conhecimento de seus filhos e suas reais chances de empregabilidade presente e futura o que compartilhei acima. Percebe-se nas falas transcritas preocupações que são genuínas, de pessoas bem informadas e que se encontram, com razão, inconformadas.

Por que seus filhos não conseguem sequer lhes dizer qual o resultado de 9 x 8? Por que lêem de forma tão mal articulada um texto? Por que sequer sabem determinar o assunto do texto que acabaram de ler ou, muito menos provável, interpretá-lo? Como pode uma unanimidade em qualquer sala de aula do ensino fundamental não ter noções dos clássicos da literatura universal?

São questionamentos que certamente não caberiam em um simples parágrafo. Como professor de séries iniciais desde 1988 já presenciei muitas mudanças no rumo da educação brasileira. Infelizmente, uma mudança bem-vinda jamais ocorrera neste mesmo período: seguimos amargando as piores posições no ranking da Educação da Unesco e não há indícios de que alguma alteração positiva e significativa ocorra. França, Alemanha, Japão, Estados Unidos e Reino Unido são as cinco nações que mais investem em educação. No Japão, país que me ofereceu a oportunidade de estudar seu sistema de ensino por cerca de dois anos letivos completos, as escolas exigem silêncio dos alunos no curso das aulas (exceto quando a participação é construtiva), o plano de curso é generoso em conteúdos, habilidades e competências, a avaliação é severa e os alunos têm deveres que julgamos inadequados – julgamos mesmo ou nos fazem crer que acreditamos ser parte de tal julgamento?

Sem hipocrisia alguma, que alunos a escola pública brasileira está formando: aqueles cujas chances de deixarem os postos mais baixos são reais? Ou serão eles futuros e eternos subalternos daqueles de quem se exigiu horas de estudo e aplicação diários. Afinal, quando fazemos acordos em lugar de estabelecer regras claras a ser cumpridas, quando permitimos punição a uma professora que repreendera um aluno que picha uma parede em escola de Viamão, que cidadão estamos deixando para nosso mundo?