Paulo Freire inicia sua obra afirmando que somos todos discentes enquanto docentes, não importando nossa prática educativa ou opção política. Para ele, "formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas" (p.. 15). Sendo assim, valorizar os saberes do educando significaria respeitá-lo enquanto ser social e histórico, igualmente observando de forma ética a autonomia do seu ser.
Ensinar é transferir conhecimentos? Ainda que conhecimentos possam ser transmitidos, o ato de ensinar encontra-se certamente distante das aulas expositivas que persistem em nossas escolas. “Ensinar, aprender e pesquisar lidam com dois momentos(...): o em que se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente” (p.31). Ensinar é, de acordo com Freire, criar as condições para que o conhecimento seja construído.
Tais condições começam a tomar corpo a medida que o educador assuma uma posição ética, pautando suas atitudes pela não-discriminação, seja esta de raça, credo, classe social, gênero, etc, enquanto semeia nos corações dos educandos a esperança, fazendo-os crer que o futuro é moldável, não inexorável, determinado. Pensar um futuro possível é um trabalho intelectual e interativo, totalmente improvável em uma práxis de escuta e memorização exclusivas.
O educador que em seu planejamento e prática respeita o educando enquanto ser curioso, sua inquietude e linguagem estética e verbal, encontrará no trabalho com blogs e wikis ferramentas tecnológicas que muito estimularão a reflexão, a criatividade, o gosto estético e a produção textual. Freire lembra quão importante é que o professor seja curioso e instigador; quem poderia questionar as inúmeras possibilidades que se tem de encantar os alunos com uma ferramenta tão rica quanto o computador e a Internet? Se educar é construir, através do uso do blog ou do wiki, o educando terá em um único lugar toda as elaborações e análise, organizadas e oportunizando novas reflexões. Da forma como estão estrututrados, blogs e wikis facilitam a administração do conhecimento construído, o seu compartilhamento e o feedback sempre bem-vindo quando nos propomos a uma aprendizagem cooperativa.
Mas o que torna tais ferramentas tão atraentes do ponto de vista pedagógico?
- São verdadeiras ferramentas construtivistas do aprendizado. Pessoas do mundo todo contribuem, questionam e respondem, fazendo com que o aluno perceba que o aprendizado não está delimitado à porta da sala de aula.
- Podem tornar-se um ponto de conversão de alunos tanto da mesma turma quanto de outras, compartilhando textos, imagens, vídeos, entre outros arquivos, no qual a comunicação se dá por Chat, postagem de comentários ou troca de e-mails.
- Como arquivam a produção dos estudantes de forma organizada, tornam o acesso à informação fácil e compartilhável.
- Como ferramenta democrática, possibilitam ao mais tímido dos alunos expressar-se sem experimentar qualquer sofrimento, de modo que ele possa fazer com que suas idéias cheguem a todos. A sensação de se tornar conhecido entre os demais não pela timidez mas pelas idéias publicadas poderá concorrer positivamente para que o aluno integre-se paulatinamente aos demais.
- O uso de blogs e wikis para desenvolver um determinado tema pode fazer com que o aluno amplie seu expertise neste assunto particular.
Tais ferramentas, enfim, podem favorecer o desenvolvimento de habilidades de pesquisa, organização e síntese de ideias, valorizando a autonomia do educando e seus saberes. De acordo com Freire, não existe ensino sem pesquisa nem pesquisa sem ensino, posto que somos todos seres que indagam, curisosos, desejosos de aprender a razão das coisas serem como são.
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