segunda-feira, 29 de março de 2010

Compartilhando leituras




O trabalho de leitura em sala de aula e em casa continua dando frutos. O mais recente desafio colocado aos alunos foi o de fazer um pequeno relatório oral acerca da obra mais recentemente lida. Neste vídeo, os alunos compartilham com os colegas suas impressões, momento em que, não raro, posicionam-se quanto à qualidade do texto e das ilustrações, indicando ou não o livro para os demais colegas.

Extremamente interessante foi um determinado dia em que um aluno não teceu elogios ao livro que lera por último. Assim que ele terminou sua apresentação, um colega pediu a palavra, dizendo ter lido o mesmo livro e que não concordava com sua opinião negativa a respeito da obra. Foi a oportunidade para que conversássemos quanto ao que é próprio de uma obra literária, musical, de artes plásticas, etc – agradar a uns enquanto permanece uma incógnita para outros.

Familiarizando os alunos com a informática



O vídeo acima ilustra o quanto um trabalho com computador e data show pode ser envolvente. Para tanto, utilizei o software que recebemos da própria UFRGS - um cd com vários jogos pedagógicos. Conceitos de conjunto, formas geométricas e frações estão dentre os assuntos já desenvolvidos a partir do cd-rom.

domingo, 28 de março de 2010

Reflexão sobre a postagem da primeira semana



Na primeira postagem, meu relato para o portfólio destaca um fio condutor de meu trabalho enquanto professor: o de incentivar o hábito de leitura, promovendo de forma cotidiana situações em que se destaquem contos, poesias, crônicas e outras manifestações literárias.

Desde a primeira semana de aula, espelhada naquela primeira postagem, muitas mudanças já se processaram, principalmente no que diz respeito ao ato de ler. Uma nada discreta aversão à leitura por parte de vários alunos foi substituída por uma quase disputa pelos títulos disponibilizados. A própria mãe de um destes alunos, o qual nunca vira com um livro em mãos anteriormente, me dissera, dias atrás, que seu hábito de fazer tricô à noite ganhou um novo ingrediente: ouvir a leitura do livro que seu filho levara para casa. Visivelmente emocionada, conta que o filho, ao vê-la sentar-se para iniciar sua arte com as agulhas, pergunta se pode ler o livro para ela. Para mim, não poderia haver melhor avaliação até o momento.

Bamberg (1987, p.50) afirma que “a oportunidade de ler, ou seja, a disponibilidade de livros representa um papel decisivo no despertar interesses de leitura.”Assim como a presença de vários títulos junto ao quadro negro tem sido um elemento provocador de leitura, a atenção da mãe em relação a Pedro (nome fictício) faz com que mãe e filho confiram ao momento – que se tornara mágico para ambos – possibilidades infinitas, tais como:

· Estreitar vínculos entre mãe e filho;
· Impingir no filho que, também para a mãe, o que ele faz na Escola e o que é próprio da mesma tem muita importância;
· Permitir que os dois possam discutir tanto a obra quanto sua relação com fatos porventura conhecidos de nosso pequeno leitor;
· Retomar o espaço para o diálogo em família que segue sendo tomado pela televisão.

Para Silva (1987, p.42), “ler é participar mais crítica e ativamente da comunicação humana”. O autor afirma ainda que a leitura pode deter a “massificação galopante” exercida pela televisão, posto que nos traz diferentes pontos de vista a partir das experiências de outros, personagens e/ou autores.

Longe de ser apenas um ato mecânico, ler é perceber e perceber-se. Ler também é um exercício de desvelar-se, posto que somos passíveis de avaliação externa de acordo com nossa relação com a leitura. O professor que expõe as obras junto ao quadro de giz e permite que os alunos possam examiná-las, folheá-las e, só então, decidir qual delas lhes fará companhia em casa, tem a oportunidade de perceber que mundo fascina cada uma das crianças, que tipo de enredo as hipnotiza, que estilo de história lhe fala mais ao ouvido.

O livro, assim como acontece com a mãe o filho, também é um mediador entre o aluno e o professor. Ele estimula uma relação dialógica, a medida em que o aluno e o seu mestre discutem a obra em questão, o quanto ela foi significativa para ambos e que outras com ela se relacionam.

Assim, ciente de que os alunos tomam para si a postura de pessoas a seu redor como paradigmas, não seria má idéia iniciar todas as tardes entre os alunos com uma pequena leitura. Deste modo, o convite para que ouçam uma das histórias da série já citada na postagem aqui ampliada – Histórias Para Aquecer o Coração – ganhou uma bem-vinda companhia: uma tranqüila trilha sonora. Não se faz mais necessário o convite verbal para o silêncio necessário; é a música que dá o tom do momento. São as notas de um piano clássico que podem, de forma sutil e encantadora, conduzir aquelas 29 crianças (éramos 28 até a semana anterior) para uma atmosfera de paz, de amizade, de respeito e de esperança, temas recorrentes da série em questão.

Encerro por ora esta reflexão com as palavras de Marisa Lajolo, na qual afirma que o “leitor, na individualidade da sua vida, vai entrelaçando o significado e pessoal de suas leituras com os vários significados, que ao longo da história de um texto, este foi se acumulando. Cada leitor tem a história de suas leituras, cada texto, a história das suas. (2001, p.106)”
REFERÊNCIAS:
BAMBERG, Richard. Como Incentivar o Hábito da Leitura. São Paulo: Ática,1987.
LAJOLO, Marisa. Do Mundo da Leitura Para a Leitura do Mundo. São Paulo: Ática, 2001.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de Ler. 4 ed. São Paulo:Cortez, 1987.

domingo, 21 de março de 2010

Contos de Fadas




Leitura

LIVROS NO QUADRO DA SALA ANTES DA RETIRADA
São 28 alunos em uma turma de 5º ano. Em uma breve entrevista de início de ano, pude apurar que somente 3 (três) deles tinham por prática ter algum livro em mãos fora do horário escolar.
Entre as razões para não ler, foram expressos diferentes motivos (as respostas foram expontâneas, sem questões de múltipla escolha):
1º) Não gostam de ler - 13 alunos
2º) Preferem ver TV em lugar de ler - 09 alunos
3º) Preferem brincar em lugar de ler - 04 alunos
4º) Não têm livros para ler - 02 alunos
Em uma turma cujo percentual de aversão à leitura beira 50%, qualquer reversão neste quadro poderia ser considerada uma vitória.
Eis que na primeira semana de aula apresentei-lhes um início de aula com os quais não estavam acostumados: ouvir uma história para começar a tarde de estudos. Escolhi histórias que encantam, que emocionam, que fazem refletir e provocam uma reorganização do pensamento acerca de diferentes temas. A obra que escolhi para tal nada tem de infantil; trata-se da série Histórias Para Aquecer o Coração. São relatos enternecedores de indivíduos que, sem aviso, tiveram seus cotidianos surpreendidos por reviravoltas da vida que se mostraram desencadeadoras de reflexão.
O passo seguinte foi trazer livros (infantis) novos, sequer folheados por qualquer outra criança na Escola. Como bibliotecário no turno da manhã, selecionei títulos que estavam a chegar, com os temas mais diversos. Todos ricos em ilustrações e textos deliciosos. Li-os antecipadamente, a fim de poder mostrar cada um deles e contar um pouco da história ali guardada, tecendo comentários que despertassem a curiosidade para a leitura dos mesmos. E deu certo!
Todos passaram a levar livros para casa e não há mais, dentre os alunos da turma 54A, alguém que retorne da Escola sem um livro na sua bagagem. E como fazemos a troca?
Estimulo que eles contem entre si parte da história lida, destacando o que mais gostaram no livro além da narrativa. Incrível como até "o cheiro do livro" já foi mencionado. A bem da verdade, isso me faz pensar que uma criança quando matriculada na escola, não vem até nós apenas com o cognitivo a ser estimulado. São todos os seus sentidos que ali estão, "matriculados" para aquele ano letivo, na expectativa de um planejamento que estimule todos eles, assim como todas as inteligências que o ser humano carrega consigo.