
Este blog trará anotações referentes às aprendizagens ao longo dos semestres do PEAD.
domingo, 28 de junho de 2009
Portfólio de Aprendizagem

domingo, 21 de junho de 2009
Inclusão x Exclusão
Antes de tudo, é óbvio que eu defenda a educação inclusiva não em função de um decreto, posto que uma assinatura presidencial não muda posturas de imediato, exceto aquelas extremamente moldáveis. Para que abracemos um novo paradigma, precisamos ser convencidos a respeito. E o convencimento se dá de formas distintas de pessoa para pessoa.
Cada educador, um ser humano - portanto sujeito a falhas, egoísmos, mesquinharias, etc, mas não obrigatoriamente precisando trabalhar anos a fio sob tamanha carga - terá sua visão pessoal acerca da inclusão. Isso me parece ser indiscutível.
Porém, em um flagrante de ignorância e intolerância - que caminham juntas - nesta semana que passou presenciei o seguinte diálogo entre dois educadores(?) do ensino fundamental (procurei não modificar as palavras empregadas na fala de cada um):
- Pois é, tu veja o que tá me acontecendo. Tô eu lá com aquele menino que tem problema mental... O guri não faz nada, só quer brincar. Mas eu tenho uma turma de 4º ano. Eu tenho que dar satisfações, tenho que apresentar resultados.
- Mas ele não consegue fazer nada?
- Ele só brinca, pinta, joga com os outros colegas, mas não sai disso.
- E o que a escola já pensou a respeito?
- Eu quero que o menino volte para o Cebolinha (Escola de educação especial de Gravataí), pois lá ele vai receber a atenção que precisa.
Em primeiro lugar, quando a educadora(?), e aqui faço questão de usar a interrogação mais uma vez, diz para a outra "veja o que tá me acontecendo", ela já desloca o olhar para a sua pessoa, assumindo uma reflexão egocêntrica e sem qualquer resquício de preocupação para com o outro, no caso, o menino. Ao sugerir que ele nada faz, exceto brincar, pintar e jogar com seus colegas, esqueceu-se de que inúmeras habilidades este mesmo menino mostra já ter desenvolvido, mas certamente não como resultado do planejamento desta mesma educadora. Indo um pouco além, posto que a conversa foi bem maior do que aqui transcrevo, e que em nenhum momento ela usou o termo aluno em lugar de menino, resta-me crer que a professora nega àquela criança o direito de ser aluno da instituição. Como menino posso tratar qualquer criança do sexo masculino do entorno, esteja matriculada ou não na escola. Contudo, comumente referimo-nos às crianças vinculadas à escola por seu nome ou pelo genérico "aluno".
Ao mencionar que deseja DEVOLVER o aluno ao Cebolinha - não apenas encaminhar para algum trabalho que possa ser desenvolvido em turno contrário - simplesmente procura desvencilhar-se do que ela, sem nenhum pudor em meu comentário, encara como um problema. Finalmente, ao afirmar que na escola especial a criança vai receber a atenção que precisa, a mesma mestra (putz) esquece-se que é seu papel dar aquele aluno a tal atenção necessária, que não difere da atenção dispensada aos demais. Certamente este aluno exige mais atenção, ou solicite a presença da professora mais vezes, ou faça coisas que ela não tenha AINDA o alcance, o que é tudo muito normal. O que não consigo entender é como simplesmente despachamos, tal qual um objeto no correio, um aluno para outra escola simplesmente porque embotamos nosso pensamento frente a uma realidade que sempre esteve por perto, mas que até então ia bater na porta exclusivamente da Escola Cebolinha.
A fim de concluir esta postagem, ao ler o artigo da revista Inclusão Nº3 - A produção textual de alunos com deficiência mental - percebo o quanto o aluno com deficiência intelectual pode acabar sendo mal compreendido (avaliado) na evolução de suas capacidades. Segundo as autoras do artigo, professoras Rita Figueiredo e Adriana Gomes, ambas da Universidade do Ceará, "a análise do desempenho desses alunos deve contemplar não somente os avanços na escrita, mas também os ganhos na aquisição de atitudes tais como: cooperação, participação e interação no grupo, interesse por atividades relacionadas a leitura e a escrita tais como: leitura e contação de estórias, registros orais e escritos, desenho, modelagem e escrita do nome próprio."
Eis que me pergunto: não seria exatamente o mesmo olhar que devemos cultivar em relação a todos os alunos que compõem nossa sala de aula?
Obviamente que todas as habilidades e competências trazidas pelo aluno e estimuladas em sala de aula são tão importantes quanto o registro de uma ideia em si. Isto é, a impossibilidade momentânea de registrar de forma escrita um pensamento não pode ser encarado como falta de progresso. As nuances são tão sutis no desenvolimento intelectual de qualquer aluno que ouso lembrar o que todos já sabemos: que cada aluno tem seu próprio tempo. Obviamente não estou baseado em "achismos", mas na experiência que todos já inventariamos, assim como "em pesquisas recentes" que reiteradamente "vêm indi-
cando que" alunos com deficiência intelectual "vivenciam processos cognitivos semelhantes aos" das demais crianças em uma sala de aula inclusiva quando nos referimos ao aprendizado da leitura e da escrita.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Um jeito novo de aprender - Zero Hora

Publicado em 10 de junho, o Guia do Ensino a Distancia de ZH é quase um portal para o EAD em nosso Estado. Obviamente faltaram informações indispensáveis, mas prefiro olhar para a matéria de uma forma mais positiva. Motivo? A Zero Hora, ao longo das várias páginas do Caderno, não poupou elogios merecidos ao EAD, deixou claro o perfil do aluno que se encaixa nessa modalidade de ensino e tratou de listar várias instituições que o oferecem. A este respeito, não deixa de ser inusitado que o caderno abra com uma foto minha, transcreva parte de uma entrevista que dei e, no espaço para os endereços das instituições que oferecem cursos a distância, os nossos cinco pólos de Pedagogia não são citados.
Pontos elogiáveis na matéria:
- Destacar o que é preciso para ter um bom desempenho no curso;
- Para quem o EAD é mais recomendado;
- Vantagens e desvantagens desta modalidade de ensino;
- Formas de manter a motivação;
- Desafios para o professor e o aluno;
- Cuidados ao escolher a instituição e o curso.
Acima de tudo, fica meu reconhecimento ao jornal Zero Hora por juntar-se a nós, alunos, tutores, funcionários e professores da UFRGS, nesta empreitada pela valorização do ensino a distância, através do reconhecimento justo e merecido das ações empreendidas.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Autismo - O Musical

Autismo - Os Pais

segunda-feira, 1 de junho de 2009
Fomentar a pesquisa

Aceitei que os jogos - dama, xadrez, dominó, entre outros - eram prazerosos e que o mapa representava muito menos para eles. Não precisei adaptar minhas atividades, digamos, bem menos interessantes, para que houvesse uma mudança. Com o passar dos dias, os alunos deixaram de registrar, pouco a pouco, as mesmas coisas. Perguntei a um dele, primeiramente, porque ele trocara o futebol pelo uso do material dourado. E ele me respondeu: "Porque com isso eu aprendi melhor matemática." Ou seja, aquele material teve um significado imenso porque possibilitou que ele tivesse uma melhor compreensão dos dados apresentados. Não que o futebol perdesse o sentido, mas a matemática e o material dourado ganharam significado também para ele. As idas ao telecentro, semanais, deixaram de ser registradas apenas como "ir na informática" e passaram a ganhar registros de acordo com o que era aprendido na sala de computação.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
"Descoberto" novo continente
terça-feira, 26 de maio de 2009
Refletindo sobre Autismo

É comum que o autista olhe para o outro como se através do seu corpo, justamente porque, para ele, a outra pessoa não se encontra necessariamente presente. Falar com o autista ou chamar pelo seu nome pode nada significar. Eles são indiferentes às pessoas, ou podem demonstrar verdadeiro terror. Contudo, também pode ser observada a passividade durante a tentativa de um contato, e até reações amigáveis. Há ainda aquele autista que age de forma inadequada, não necessariamente dentro do contexto.
O órgão norte-americano Center of Disease Control and Prevention (www.cdc.gov) , traz em seu site que o autismo afetaria de 2 até 6 pessoas em cada 1000. O autismo seria 4 vezes mais freqüente em pessoas do sexo masculino.
Por muitos anos, o autismo tanto fascinou-me quanto provocou-me medo. Minha imagem de uma criança autista continua a ser aquela que os filmes projetam, os livros relatam e quase todos a nossa volta perpetuam. Não tive qualquer contato com autistas na escola, mas já tive um vizinho que apresentava comportamento (estereotipados) que provocavam certos comentários nas residências adjacentes. Lembro que ele ficava horas e horas com a língua para fora, agitando suas mãos ininterruptamente. Ele tinha um talento para música que era desenvolvido em sua própria casa e, mais tarde, com um professor. Nas leituras acerca da doença, estas características têm sido evidenciadas. Contudo, basta que comecemos a ler para perceber que não existe um padrão de autismo, o que nos convida a fugir dos estereótipos.
O autismo afeta certas áreas do cérebro, acarretando uma desordem comportamental, a qual passa pela comunicação e pelos relacionamentos basicamente.
A imagem que temos do autista é que eles vivam numa espécie de bolha, isto é, que construam um mundo próprio, silencioso, letárgico e passivo. A bem da verdade, quando uma criança autista fica em um canto, distante, observando outras brincarem, seu distanciamento não se dá pela apatia ou por estar em "outro mundo", mas porque a criança tem inabilidade para tomar a iniciativa de iniciar e dar continuidade a uma conversa, indispensáveis em tal contexto.
Como todo distúrbio, pude apurar que o autismo tem suas próprias características, que podem variar de um indivíduo para outro:
1. Inabilidade para interagir;
2. Problema para estabelecer e manter contato visual, empregar os ricos gestos e expressões faciais de que dispomos no cotidiano;
3. Extremamente seletivos na socialização;
4. Comportamentos repetitivos;
5. Interesse extremado em um padrão, como o movimento circular por exemplo;
6. Assumem manias, ou seja, rotinas cotidianas;
7. Podem desenvolver interesse por um determinado tema e falar insistentemente a respeito;
8. Movimentos repetitivos, como agitar, girar ou torcer suas mãos;
9. Fixação não no todo, mas em determinada porção, como o cabelo de uma boneca ou uma única roda de um carrinho. Esta mesma fixação pode se revelar em relação a outro ser humano, ficando a tocar em seu cabelo ou sua boca;
10. Surtar quando sua rotina é alterada;
11. Tendência a seguir ao pé da letra o que alguém diz, pela incapacidade de compreender a linguagem figurada ou uma expressão idiomática.
sábado, 23 de maio de 2009
Reflexões sobre o Vídeo - Atendimento Educacional Especializado
Contudo, como qualquer dissonância (de cor, de orientação sexual, etc), o deficiente está praticamente fadado ao preconceito, o qual é SEMPRE fruto da ignorância e da insensatez. E o preconceito pode ser manifesto não necessariamente por meio de brados exaltados, dedos apontados ou caretas de repúdio. É o olhar raramente dirigido àquele lugar na sala de aula; é o tom de voz que muda sutilmente naquele que, por instantes, precisa dirigir a palavra (quando a criança ouve); é a maneira (e a ordem) como o material de trabalho lhe é entregue, por vezes quase descartado e, não menos verdadeiro, sempre para o final, pois o restante da classe precisa começar logo e é mais demorado fazer com que este aluno entenda. Quando esta criança fica para o fim, sob o pretexto de lhe dedicar mais tempo, que mensagem se está passando para ela: você fica para o final porque é lerdo OU já vou te atender com a atenção que mereces.
Honestamente? As duas opções são péssimas escolhas, ainda que a segunda possa parecer aceitável. E por quê? Porque não concebo que alguém fique para depois ou, o oposto, antes que os demais numa situação que envolve tamanha interação, formação da personalidade e estruturação da psique humana. Todos precisam sentir e reiteradamente experimentar que são igualmente importantes no grupo.
Tendo assistido ao vídeo, gostaria de destacar trechos que são o óbvio ululante para nossos mestres, mas pequenas descobertas para mim, recém chegado a uma face da educação para a qual eu não costumava olhar com a atenção que hoje dedico. Aliás, confesso ao grupo que estou, de fato, pensando em dedicar-me à educação especial. Mas isso ainda é muito tenro... Pensemos no agora!
Quando falamos em educação inclusiva, que elementos caracterizam a real inclusão no ambiente escolar? Quando se oportuniza espaços de convivência, de estímulos e de aprendizagem. Isso me reporta a uma colega de Escola, a qual tem um aluno com Down - que não é uma deficiência física como tratado neste fórum, mas que está ali, bem próximo a mim. Ele chegou em nossa Escola no ano passado, bastante acabrunhado. Via minha colega comemorando a chegada de Pedro (nome fictício) e não entendia, sinceramente, a razão. Hoje estou ciente que Pedro vinha de um ambiente de rejeição em função de sua doença e sua aparência, como se seus traços característicos representassem aos pais um motivo de vergonha perante os vizinhos. E nesta educadora, Pedro percebeu que existia uma atenção adequada para ele, na mesma proporção que os demais colegas recebem. Aliás, nos colegas Pedro descobriu potenciais amizades, e isso se foi construindo ao longo do ano letivo, por meio de inúmeras experiências e aprendizagens.
No extremo oposto de tal experiência encontra-se a limitação de vivências, a segregação da criança. Segregar em função da deficiência é um obscurantismo cruel, perverso e contrário às mais elementares noções da ética, dos direitos humanos e das religiões que veem no ser humano a imagem do seu criador.
Para fugir de tal obscurantismo, a escola precisa pensar sua prática cotidiana, começando lá pela projeto pedagógico e pelo seu regimento. Prática, projeto e regimento estão atrelados a um currículo. Em uma escola inclusiva, assim como em qualquer escola, nos deparamos com a necessidade de oferecer um currículo flexível, enriquecedor e instigante, o qual busque formar seres capazes de pensar, criar e construir o conhecimento.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Materiais adaptados

É quase certo que estamos diante de uma daquelas perguntas inevitáveis. E é bem possível que o aluno tenha dificuldades motoras nos membros superiores que venham impedindo nos últimos anos a utilização de uma tesoura da forma como esperamos que os alunos possam utilizá-la. Pois conheci através do texto Atendimento Educacional Especializado tesouras que foram submetidas à adaptações. Posso estar enaltecendo demais algo de tecnologia tão simples. Entretanto, minha atenção costuma focar a criatividade, a inventividade do ser humano. E se não celebramos um instrumento com uma adaptação que usou materiais simplórios, então estamos a perder a capacidade de nos encantar, essencial no magistério.
No próprio fórum da disciplina dei destaque justamente a tais adaptações, as quais foram feitas usando materiais que temos, praticamente todos, na ferragem mais próxima ou, até mesmo, em nossas casas.
Temos a tesoura adaptada com arame revestido e uma segunda, a qual tem uma base de madeira, para aquele aluno que não pode apertar a argola da primeira, mas bater. Existe ainda um terceiro tipo de tesoura adaptada, que é uma tesoura elétrica controlada por acionadores.
Se o problema é o manejo do lápis, a aranha-mola auxilia a criança no traçado de letras, desenhos, etc. O engrossador de lápis (de espuma, de borracha), a pulseira imantada e a órteses são outras alternativas, cada uma atendendo a uma diferente necessidade para o aluno com dificuldade de segurar o lápis e/ou fazer um bom traçado.
Ao longo dos meus estudos, flagrei-me a pensar: muito interessantes as tesouras e lápis adaptados. Mas onde encontrá-los e quem paga por eles?
Segundo o art. 61 do decreto nº 5296/04, o professor especializado, ao identificar com seu aluno os recursos de tecnologia assistiva (TA) que podem auxiliá-lo, orienta-o acerca dos seus direitos, a fim de que ele ou seus responsáveis possam recorrer ao poder público, buscando ter tal direito garantido.
Tendo determinado com o aluno quais recursos de TA providenciam um melhor desempenho nas atividades de motricidade fina, entre outras, o professor irá cuidar para que este mesmo recurso acompanhe o aluno para a sala de aula e/ou fique com a criança, como parte de seu material escolar.
Quanto a avaliação, é considerado simplesmente tudo o que este aluno consegue fazer. A própria adaptação do aluno ao recurso já faz parte de sua avaliação. O processo como um todo e a criança em sua plenitude são a própria matéria para a avaliação.
Só por esta pequena postagem percebe-se que me encanto mais e mais com a educação especial. E os próprios materiais, muitas vezes quase simplórios, utilizados para trabalhar com estas crianças, não nos permitem afirmam que nossas escolas não podem preparar-se para recebê-las. Será que alguém ainda ousaria dar as costas a um aluno com paralisia cerebral? è que a inclusão por força de lei pode nunca acontecer, posto que um olhar indiferente exclui imediatamente aquele que, em principio, quer apenas ser aceito a seu modo.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
A importância da formação

terça-feira, 12 de maio de 2009
Racismo em transmissão de rádio

Ouvia a Band News FM Porto Alegre nesta manhã de terça, dia 12 de maio, quando fiquei pasmo com a afirmação de um dos 3 comentaristas que dirigiam um programa sobre assuntos variados.
Eis que faltando cerca de 15 minutos para às 11 horas, um ouvinte manda um torpedo sobre os times do futebol gaúcho Internacional e Grêmio. Ao responder o torpedo, um dos comentaristas disparou: "Vocês do Internacional precisam aprender a torcer. Enquanto isso, tem que se dependurar em árvores mesmo."
Não sou um fã ardoroso de futebol, mas o suficiente para fazer uma rápida análise do infeliz comentário...
Como aqui no sul os torcedores do Inter são chamados de macacos, numa alusão à seus torcedores de raça negra (como se apenas brancos torcessem para o adversário), o comentarista não perdeu tempo, mas cometeu um ato, no mínimo, infeliz, maldoso e, acima de tudo, racista, posto que para ele se uma passoa é negra é, da mesma forma, um macaco.
Contra toda a forma de proconceito!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Modelos diretivo, não-diretivo e relacional

Eu tenho muito de professor diretivo. E qual é o problema? Mas na minha interação com os alunos eu seria tomado por um professor que segue o modelo relacional. Então sou o quê?
Sou um somatório de mais de duas décadas de experiência. Somente agora, vinte e tantos anos depois de iniciada minha caminhada no magistério, estou buscando um curso de Pedagogia. O Magistério (curso) indicou a direção e emprestou as rédeas; eu decidi se as usaria ou não, buscando por outras.
Ser diretivo é ter em mente uma lista de conteúdos para todo um ano letivo e adaptá-la de acordo com a turma, mas não abrindo mão de trabalhar com o que eles precisam saber? Então serei tomado como diretivo e tradicional. Mas isso é não eximir-se do compromisso primeiro da Escola!
Ser diretivo é brincar com seus alunos mas, na hora do trabalho, não abrir mão do silêncio necessário para a explicação que precisa ser ouvida? Então mais uma vez serei encarado como diretivo e tradicional. Mas isso é lembrar diariamente ao aluno que é impossível haver uma relação dialógica com todos falando ao memso tempo.
Ser diretivo é chegar na aula e passar a agenda do dia, deixando claro para todos os alunos a programação para as próximas quatro horas? Não, definitivamente não é! Isso é ensinar o aluno da importância de uma organização mesmo que mínima antes de uma atividade.
Em suma, professor tem que ser ouvido - o aluno fala a medida que pede permissão se o professor ainda estiver com o uso da palavra, pois este é um mundo no qual se tem alunos cada dia mais permissivos. E ficar achando que uma postura mais firme faz parte do século XIX é, com o perdão da gíria, entrar numa roubada.
O aluno vem para a escola sabendo muitas coisas; ele não é um papel em branco. Mas precisamos nos assegurar que dentre tudo o que ele já sabe esteja incluso um item indispensável: respeito ao professor e a todos os que trabalham na escola. Careta? Retrógrado? Não, é assim que se forma um cidadão do bem.
Participação em aula é bom? É indispensável! Mas não confundir com baderna, dando a isto um nome moderno de \"barulho produtivo.\" É desejável que eles conversem entre si, mas que aprendam que tudo tem uma medida, inclusive esta troca constante de informações de todo o tipo, ou o trabalho vai ficando em segundo plano.
Poderia escrever muito mais, pois sou um defensor das relações não-permissivas nas escolas. E posso antecipar a quem porventura acredite que eu seja um carrasco, que os pais sempre pedem (nos períodos de matrícula) que os filhos sejam colocados em minha turma, e os alunos tem uma relação extremamente próxima a mim. Finalizando: os alunos apreciam perceber que há alguém no comando, pois isso os deixa mais seguros.
domingo, 3 de maio de 2009
Análise dos comentários sobre PA

Uma colega citou a escolha do tema – objetos voadores não identificados – como sendo bastante inusitada para nosso curso, mas de forma elogiosa. Quanto ao tema, no mínimo é bastante arriscado escolher vida alienígena para um PA em uma universidade. Entretanto, justamente procuramos pelo desafio, pelo tema inusitado e, certamente, quase impossível de concluir. É difícil colocar em palavras o que significa iniciar um PA sabendo que não poderíamos oferecer uma página recheada de dados conclusivos, mas apenas mais e mais dúvidas que vão surgindo, posto que o assunto é bastante velado pelas autoridades e muitas vezes tratado como um assunto de menor importância por todos.
Também foi comentado que nosso PA desperta o interesse de quem por ele passa. Nosso objetivo era justamente obter este gancho para as várias páginas que concluímos: despertar a curiosidade e o interesse pelo tema, instigando uma leitura de todo o projeto e, por que não, das páginas externas porventura sugeridas.
A primeira sugestão que nos foi dada diz respeito ao tema do projeto. Fiquei bastante confuso, pois a colega que escreveu sugeriu que colocássemos “o tema do projeto logo abaixo do titulo” do mesmo. Não entendi o que seria um “tema abaixo do título”. Se for algo como um subtítulo, penso que ficaria bastante interessante tal acréscimo. De qualquer modo, caso seja uma “explicação” para o que significa Projeto ONVI, também acredito que seja válida tal sugestão. Porém, necessitaria ter mais clareza a respeito da proposta deixada neste comentário da colega.
Foi sugerido também que organizássemos melhor a relação dos títulos na sidebar, mudança esta providenciada no exato momento em que se lia a sugestão. Aliás, com tais modificações, a visualização dos títulos ficou bem melhor.
Uma última sugestão foi uma reflexão quanto a nosso mapa conceitual. A indicação recai sobre a necessidade do emprego de palavras como verbos para ligar diferentes conceitos. Como observei que realmente temos três palavras que não são verbos a ligar conceitos, basicamente é só editar o mapa conceitual, substituindo tais termos mal empregados, o que pode ser feito imediatamente.
Sem cinismo, por favor!
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Mosaico: primeiros passos
De acordo com o que foi descrito no webfólio da interdisciplina, na semana da Páscoa, fizemos um amigo secreto. Cada aluno deveria trazer um bombom para presentear a um dos seus colegas, exatamente o amigo secreto. Mas para revelar o amigo, quem tinha a palavra falava “o meu amigo é...” descrevendo o colega a partir das informações que estavam no "mapa das etnias e raças da turma 43", que foi nosso pré-mosaico. Assim, o aluno que tirou a mim descreveu-me da seguinte maneira: "o meu amigo secreto é descendente de portugueses e índios. A pele dele é branca, ele é de raça branca. O cabelo dele é liso e preto; os olhos são castanhos."
Preparando o Mosaico
Cada um dos alunos, após pesquisa juntos aos pais quanto à etnia, faz um desenho de si próprio e complementa-o com informações diversas sobre sua raça e origens.
Mosaico Étnico-Racial
Mosaico já concluído, no qual os alunos fazem uma auto-descrição de si mesmos. Nos balões acima dos auto-retratos, compartilham com todos sua etnia, cor do cabelo, da pele, dos olhos, etc.
Raças e etnias

Esta semana que passou foi de muitas descobertas no que tange raças e etnias. Trabalhando com alunos do 4º ano, em uma turma que abrange criança dos 9 (nove) aos 14 (catorze) anos, pode-se imaginar a diversidade presente. E eis que trabalhamos ao longo da semana dois assuntos bastante controversos em qualquer grupo: etnia e raça. Os alunos, ao final do trabalho, construíram seus próprios conceitos de raça e etnia.
Para eles, etnia são “as origens de cada um, de que povo a gente vem, nossa língua e cultura”. Já o conceito de raça foi construído sobre a cor da pele, principalmente. Ainda segundo os alunos, através “do casamento pode acontecer a mistura de raças. Um índio pode casar com um negro.”
É de inquestionável importância que os alunos comecem a pensar que somos todos o resultado de diferentes etnias e raças, ainda que humanos. Somos iguais? Sim, mas quantas de quantas diferenças resultamos, quantas nuances somamos!
No webfólio da interdisciplina sobre Questões Étnico-Raciais já toda uma descrição de uma atividade, inclusive com imagens, através da qual tais conceitos foram construídos.
Resumidamente, assim se deu o trabalho:
O ponto de partida do trabalho do mosaico foi uma pesquisa, com os alunos, das origens da Páscoa, pois percebi que não havia entre eles uma clara exatidão histórica. Da pesquisa, resultou um breve estudo dos povos judeus, egípcios, entre outros.
Pesquisamos como diferentes povos comemoram a Páscoa. Neste momento, cada aluno tratou de inquirir junto as suas famílias acerca das próprias origens. Na aula seguinte, dispunham de informações como "descendo de portugueses e italianos e, por isso, tenho a pele branca e os cabelos castanho-claros". Nesse ínterim, cada aluno colocou alguns dados seus no que chamamos de mapa das etnias e raças: pouco mais do que o nome de cada um, seguido de informações que apurou junto a seus familiares.
Na aula seguinte, utilizamos um grande espelho que é da aula de educação física. Neste os alunos podiam se olhar e descobrir detalhes sobre si memsos:
b) Qual a cor dos meus cabelos?
c) Que lápis de cor é parecido com minha pele?
Particularmente achei fantástico que, a partir daquele momento, estava decretado pelos alunos, que o lápis de cor salmon deixara de ser sinônimo de lápis “cor de pele”, mesmo entre pessoas de raça negra.
Em uma folha de ofício os alunos deviam desenhar a si mesmos, respeitando as características estudadas – cor da pele, cabelo, olhos, etc, descrevendo-as em alguns balões semelhantes àqueles usados em historias em quadrinhos. Eu próprio fiz o mesmo trabalho o que agradou muito aos alunos.
O resultado evidente é que os alunos conhecem bem mais a respeito de sua história, pois buscaram por suas origens junto a seus familiares, refletiram quanto às diferentes culturas quês estudamos e, igualmente, segundo verbalizou uma menina de 9 anos, “a gente nota como tem gente deferente no mundo.”
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Inclusão nas escolas

Falar de inclusão é novo para a maioria de nós, pois o que tínhamos até então era o conhecimento de que as havia pessoas com necessidades educacionais especiais, e que também havia, em Gravataí, uma escola especialmente para elas: a Escola Cebolinha.
O problema não residia na Escola Cebolinha, pelo contrário. A questão começou a ganhar forma quando a proposta de inclusão foi adotada. Sentimentos de medo, estranhamento e confusão, normais diante do desconhecido, mesclaram-se ao desejo de poucos de trabalhar com os diferentes - esquecendo-se que diferentes todos somos quando comparados uns aos outros.
O processo iniciou-se, as escolas passaram a receber alunos que antes só teriam como destino a Escola Cebolinha e parecia que tudo caminhava para um resultado positivo. Particularmente percebo que as escolas não podem se eximir de sua obrigação, em nome destes novos alunos, de exigir comprometimento do poder público no que diz respeito a investimentos humano, pedagógico e material em todas ao longo de todo o ano letivo. Do contrário, apenas estarão as escolas permitindo que este governo se esquive da necessidade de construir escolas como a Escola Cebolinha, posto que aquela a muito esgotara sua capacidade de atendimento em razão da grande demanda.
Sou a favor da inclusão, mas atrelada ao respeito por estes novos alunos, garantindo-lhes não apenas um espaço físico exíguo numa sala com um mínimo de estrutura (ou nenhuma) para acolhê-lo. A construção de rampas em uma escola apenas garante o acesso de uma cadeira de rodas, mas não a inclusão daquela que dela necessita para deslocar-se. Visto que o papel da escola é o de fomentar um futuro igualitário, justo e sem preconceitos, a inclusão demanda bem mais que barras, portas largas ou um sanitário diferenciado, mas um cotidiano recheado de oportunidades pensadas em parceria pelas unidades de ensino e suas mantenedoras.
É imprescindível que a escola tenha todo um planejamento para que todos os alunos interajam entre si e que este aluno (de inclusão) seja parte integrante do grupo, não um apêndice, não um colega que despertará interesse nos primeiros momentos e, depois, será esquecido.